“Dom João III” Ana Isabel Buescu, 2005.
Depois do brilhante Manuel do brilhante Oliveira e Costa
isto tinha de saber a anti-clímax.. e sabe, antes de mais porque nem sequer a
biógrafa parece especialmente interessada no biografado.
A ideia que eu tinha do João III era a dum beatão feroz à
espanhola, maníaco e obscurantista, a ideia do Alexandre Herculano e dos
alfabetizados pré e pós fascismo nacional... e a Ana Isabel consegue pelo menos
caldear essa ideia: o João não era nenhuma fera, era mais ou menos mansinho,
uma no prego da Inquisição, outra na ferradura do humanismo, ora se tenta
contratar o Erasmo de Roterdão, ora se deixam os padres prender o Damião de
Góis...
Silencioso, sonso, manso, tinhoso, teimoso, sonolento,
neurasténico, rancoroso... antes de mais, acima de tudo: deprimido e invejoso
da grandeza, nos piores dias se calhar o mais português dos reis de Portugal.
Mas isso era reduzir-nos à nossa pior mediocridade: nós também somos o João III,
mas nem sempre, nem só.
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