O tio Herman, e o Camané e o Mário Laginha.
Desta temos duas e espera aí que tenho de pensar como é que
descasco esta abóbora... ok comecemos pelo mais simples:
O Camané e o Mário Laginha têm um disco juntos... este
número do fado eruditozado já foi tentado vinte vezes e nunca funciona e o
Camané, enorme e adorável cantor que seja, e é, é muito mais fadista que
cantor... mas seja lá porque mistério da arte seja, estes dois génios paralelos
lá conseguiram criar uma pérola que como todas as pérolas é única e específica
e seria um grande desgosto se desperdiçada:
isto não nem fado nem Keith Jarrett é uma coisa do tio Mário
e do Camané só brilhante e preciosa...
mas desvio-me, onde é que eu apanhei esta pepita?!
No actual programa do Herman José na RTP...
e o que dizer disto em que tropecei?
Vou dizê-lo já para me antecipar a todos as necrologias que
já estão escritas nas redacções deste país: o Herman foi um génio cómico, muito
cá da terra foi um revolucionário muito da ruptura e da integração, uma ponte
entre os Monty Python e o teatro de revista: digno filho do Raul Solnado,
magnífico pai dos Gato Fedorento e do Bruno Nogueira... quando morrer o funeral
vai ser maior que o da Amália e o do Eusébio juntos, se não o enfiarmos
imediatamente no Panteão com o resto dos poetas só vamos provar que não nos
amamos o suficiente...
Mantê-lo na televisão hoje em dia, a fazer piadolas
horrorosas sobre a Letizia de Espanha e “os paneleiros” (o que hoje em dia, já
é trágico, graças a deus e à esquerda radical) não sei se é bonito, triste,
trágico ou poético, se calhar todas as quatro, mas claramente uma demonstração,
exibição, da nossa nacional suavidade (mais quarenta ou cinquenta anos disto e
ainda me convenço)... enquanto esperamos que ele desista, ou morra.
bendito Herman.
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