“Dahmer” David Jacobson, 2002.

Este foi a modos de como uma surpresa, porque em rigor não me lembro de como ele foi parar à lista e em rigor, sobre o Jeffrey Dahmer estava à espera dos piores horrores da exploitation (pornografia da violência) ou teologia psicológica... ambas tendências amplamente justificadas neste caso mais ou menos único de homicídio em série, violação, esquartejamento, necrofilia e canibalismo...

mas nada disso: o argumento toma o caminho do “when they go low we go high” e cinge-se estritamente aos factos (até mais estreitamente do que isso em rigor) e esforça-se subtilmente (tudo é muito subtil neste filme) para nos mostrar como o Dahmer é um humano, não necessariamente “danificado” por uma história de origem (aliás, não há ontologia nenhuma), só com alguma facilidade naturalizada para se safar de apertos (porque branco, passivelmente heterossexual e burguês... normal portanto)... não há esforço para se chegar a conclusões psicológicas ou sociais aqui... aliás ele não tenta, no mínimo, dar respostas... é quase sádico no expor de coisas que aconteceram na realidade (que sabemos que aconteceram) e nem sequer explicitar a pergunta... só um “agora pega nisto e leva para casa e pensa nisso.. ou não”.

Claro que isto dá um imenso espaço aos teus colegas: o Jeremy Renner e o Artel Great estendem-se espantosamente, o Bruce Davison (outro actor muito sério seriamente subestimado) enche as duas cenas que tem... o filme é muito barato e como sempre quando sai barato depende da escrita e dos teus colegas e neste caso ambas as pontas brilham magnificamente...

dalguma maneira estes cromos conseguiram transformar a história dum humano muito especificamente anormal na história de todos nós:

https://www.youtube.com/watch?v=kf0bhz5CUC8


 

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