“Fratelli Tutti” Francisco, 2020.

Capítulo seguinte nas leituras teológicas que o meu pai me atira.. a 3ª encíclica do Chico Francisco (uma encíclica é uma “carta circular” do sumo pontífice ao conjunto dos fiéis com “orientações doutrinárias”): esta “Fratelli Tutti” (todos irmãos) sobre “fraternidade e amizade social” em rigor é menos teologia (cada vez tenho menos paciência para teologia pura.. teologia na melhor das hipóteses é filosofia com batota, porque têm sempre esse grande joker que como no poker tapa os buracos que aparecerem na mão) do que filosofia social.

E não é uma leitura totalmente desinteressante (embora pudesse ter um terço do tamanho e dizia-se o mesmo)... o Francisco é claramente um bom tipo com bons instintos e boas intenções mas isto é um bom exemplo dos limites que a estrutura impõe ao pensamento: há uma contradição filosófica insanável entre pensar o Homem como fundamentalmente falho e mau e depois pedir-lhe compaixão, unidade e amor fraterno (especialmente quando o joker desta vez é só usado como exemplo, muito racionalmente à bom jesuíta como o Francisco é, e não como um ex machina).. já para não falar na costumeira incapacidade em reconhecer a inevitabilidade (para não dizer necessidade) do conflito que reduz toda a bela construção do raciocínio a um “sejam amigos” (que já a minha avó dizia sem precisar de 190 páginas) e um aviso aos ricos que se não recolherem os dentes vai haver sangue, como se o sangue não corresse já em rios rua afora...

Resumindo, o Francisco é bom rapaz, mas só consegue ir até onde consegue ir.


 

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