“Volavérunt” Bigas Luna, 1999.
OK... este foi um filme histórico espanhol dum realizador que consabidamente sabia filmar, com actores a sério a dar com um pau, um orçamento que acho que continua a ser um dos maiores do cinema espanhol, uma atenção indecorosa aos detalhes, sobre a movida das personagens mais interessantes do fim do séc. XVIII espanhol: María Teresa a duquesa de Alba, Manuel Godoy o todo-poderoso valido, Goya, Pepita Tudó a amante de Godoy e modelo das Majas, a rainha María Luisa de Parma e Fernando príncipe das Asturias... isto tinha tudo para dar certo... e é uma enorme cagada!!
E é uma enorme cagada porque não tem argumento.. quer dizer ter tem, mas ele não interessa nada... andamos ali para frente e para trás com umas teorias mal amanhadas sobre um possível envenenamento da duquesa de Alba em que o próprio filme não se decide (provavelmente por sabermos desde 1945 que ela morreu duma meningoencefalite tuberculosa) e a possibilidade do corpo da Maja desnuda ser da duquesa em vez da Pepita (algo que puxa muitos suspiros cansados e revirares de olhos a historiadores de arte) e reduz-se um momento fulcral da história política e artística de Espanha a um soneto de ligas de duquesas (pum!)... às vezes lembra a “Marie Antoinette” da Coppola na sua história reduzida aos salões de gente fina, mas ao menos a Sofia tinha uma tese, uma ideia sobre o queria dizer, aqui não...
aqui deambulamos de salão em salão sem nada para dizer, fazer ou ser... porno-chachada sem porno, histórico sem história, filme que é todo estética sem sobra sequer de argumento... uma tristeza para todos os competentes envolvidos, mas construir um filme sem argumento é como fazer uma casa num pântano: as paredes mestras podem ser sólidas e a caixilharia das janelas lindíssima, e mesmo assim no fim afunda-se tudo na lama.
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