“A Hora da Liberdade” SIC, 1999.

Mostramos esta pérola finalmente à criança, que já sabe da importância da História e especificamente do 25 de Abril nesta casa.

Eu não desgosto do registo docudrama da coisa, embora o ritmo da coisa às vezes deixe a desejar (entra e sai e volta a entrar no Carmo) ou às vezes nos estiquemos em termos de gosto (a recriação da fotografia do Gageiro do Maia Loureiro a fazer o V é espantosa mas os planos circulares a um Salgueiro Maia hagiográfico se calhar são um bocadinho over the top), mas o registo sequinho sequinho acaba por ajudar a História (por mais que eu goste dos pormenores pícaros da falta de munição para as armas pesadas, do ministro que se escagaça, a coluna militar que para nos vermelhos ou o funcionário da EDP que se oferece para desligar o gerador do Rádio Clube, que aqui são omitidos ou só aflorados).

Também ajuda que se faz justiça ao papel (e personalidade) do Otelo e a coisa é actuada pela fina-flor da confraria: o António Capelo como Otelo (que o apanha até à maneira como ele mexe as mãozinhas), o grande Alexandre de Sousa como Crespo, o Wiborg como Salgueiro Maia, o Rui Mendes como Andrade e Silva, o Vítor Norte como Jaiminho, o Guilherme Filipe como Pato Anselmo, o José Manuel Mendes como Marcello, o Alfredo Brito como Romeiras, mesmo em papéis mais pequenos tens o Luís Alberto, o Waddington, o António Pedro Cerdeira, o Canelas, o Marques d’Arede, o Almeno Gonçalves, a Cristina Carvalhal, o Esparteiro, ou a Márcia Breia... isto é um abuso de talento a que espetarmos o Lécas (José Jorge Duarte) como Feytor Pinto (o melhor sobrevivente do antigo regime) só parece overkill.

Isto é um trabalho muito bem feito, diverte e ensina, e não é aquela fantasia sexual da Maria de Medeiros que eu agora que estou a pensar na coisa acho que vou ter de rever (vi-o em sala há 20 anos... bem logo se vê)...

Seja lá como for, este é aquele que tem de ser traduzido e legendado para mostramos à gringa:

https://www.youtube.com/watch?v=T5Ndxg4ct00


 

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