“Cartografia Musical – Rio de Janeiro 450 anos” Flavia Barreto & Rita Leal, 2016.

Prenda da tia Isabéu, escrito a duas mãos (e com um edição dia sim dia não) teoricamente não tem nada para dizer (quando não diz mesmo asneiras apanhadas de ouvido que até eu sei donde..)... mas como projecto de visão geral para um ignorante como eu: extremamente útil!

Ajuda-me a colar as peçazinhas todas e a perceber certas maluquices locais (como a mui esotérica distinção entre Bossa Nova e MPB) mas na catalogação dos vários movimentos mais do que tudo o que faz é confirmar a minha tese de permanente alinhamento do Brasil (esse continente) com o mais aggiornato zeitgeist (e às vezes sem necessidade de difusão) e a total, crónica, militante e orgulhosa omnifagia... tudo aquela terra come mastiga engole digere e transforma noutra coisa... o Chorinho é jazz francês como a Bossa é jazz americano e o Funk techno... não o são porque processados localmente mas é preciso viver num continente como o Brasil para não nos apercebermos das conexões.

Seja como for, ajudou-me a arrumar uma série de coisas na discografia (as próximas 4 entradas decorrem mais ou menos indirectamente deste livro) mas antes disso há que assinalar aquilo que sendo espantoso, não ganha direito de cidade...

Ali nos anos 70 o Rio desenvolve uma decorrência especialmente popular do estilo da Jovem Guarda (já uma resposta arockalhada e isentona aos velhinhos vermelhos da MPB), caracterizada por menos complexidade musical e letras mais patéticas (no sentido dramático e original da palavra)... ou seja nasceu o que a élite gringoizada do Rio havia de baptizar como “o Brega”... que é mais ou menos equivalente (10 a 20 anos antes) ao nosso Pimba... exemplos espantosos:

Waldick Soriano com o seu “Eu Não Sou Cachorro Não” com muitos pozinhos de música mexicana...

mas mais que tudo, este gigante do chorume que é o Odair José com a inenarrável e impagável e insuperável “Uma Vida Só” uma cena tão espantosa que necessariamente foi engrossar a lista onde já pontuam o Ovelha, o Hitler açoriano ou o filho do Reculuso...


 

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