Salsa e Coentros.

Por falar em comida.

Uma reconciliação que tem vindo a creeping in mas que agora está completamente consolidada... é a da salsa e dos coentros.

Eu sempre adorei hortelã, hortelã com tudo por favor, na canja e na limonada e o mojito sempre disse que é a única bebida que sabe tão bem a ser bebida como a ser vomitada. Orégãos secos e manjericão verde sim e sim, por favor mais, com massa ou um ou outro conforme o “quente” e às vezes os dois.

Mas eu cresci nos anos 80, quando não havia prato que não viesse para a mesa polvilhado a salsa e decorado a salsa e com salsa a ramificar por todo o lado; depois nos anos 90 começaram as saladas originais e bute espetar tomates-cherry-não-cortados e bocados de feta e arbustos inteiros de coentros e litros do horroroso vinagre balsâmico que a pequena-burguesia portuguesa continua a achar “fino” (os croutons na salada por cá nunca pegaram, a minha filha mete-os na sopa, os franceses adoram-nos, mas os franceses fazem grossíssimas vinaigrettes e isso desqualifica-os quanto a saladas). Comia os coentros na comida alentejana (porque se não nem comia comida alentejana) mas rapava para o lado o excesso de salsa que cobre os pratos em restaurantes sólidos mas antiquados como o Arabesco e evitava conscientemente os coentros nas saladas de saco dos jantares de família (continuo a achar os coentros um sabor demasiado forte para salada... só se não quiseres saborear os três tipos de alface e a rúcula que tb vêm no saco de salada “fina”).

Mas a pouco reconciliei-me com as benditas ervas... a pouco e pouco vejo-me a comprá-las e lavá-las antes das largar no tacho, ontem ou anteontem na segunda (e finalmente bem-sucedida) tentativa de fazer xarém como o teu pai (com o twist de ser de toucinho) apercebi-me do verdadeiro arbusto que estava a meter no tacho, para só depois aceitar que o que sobrava verde e fresco era mesmo à medida de coroar a papa no prato.

No fim delicioso... benditas ervas do Senhor.


 

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