Caldas da Rainha e Peniche.

Saímos mais ou menos cedo debaixo de todos os tipos de tempo... Caldas: Parque D. Carlos que dá logo para perceber que está entregue à bicharada mesmo em ano de autárquicas, loja da Fábrica Bordallo Pinheiro, andar de baixo é só para parisienses a viver em Campo de Ourique mas lá em cima (no outlet) a tua irmã compra uma xícara extremamente barroca, eu meio galheteiro com dúvidas que resista aos vinagres sérios que lhe quero meter dentro e a tua sobrinha uma coisinha pequena e singela que não desconfio que destino lhe queira dar. Debaixo de chuva deambulamos e procuramos donde comer, tropeçamos no Flavours of India (Calçada da Praça 5 de Outubro nº. 5) e no trio pai/mãe/filha/chavala branca que à vez e duas línguas nos explicam que às quartas é street-food da Índia e a opção é veg ou non-veg, uma veg e duas non-veg, um copo de branco e dois lassis de manga (que eu continuo a achar sobremesa), lambuzamo-nos como marajás, a tua sobrinha consegue explodir uma bolinha chamada sei lá o quê sobre a mesa toda para gáudio colectivo incluindo a patroa, enquanto troca o português que tem com o inglês que o patrão tem, um sucesso.

Depois o Museu José Malhoa, outro sucesso. Eu sempre gostei do Malhoa e dos naturalistas, vá deem-me uns Columbanos e estatuária fascista e o inevitável tio-avõ da Marta (deste vez o Rui, ou Ruy conforme, que era forte à brava) e ainda lhe metes um Delfim Maya que tenho de ir ver e o bendito Eduardo Malta que é um gajo que eu sei de certeza de que não devia gostar tanto quanto imediatamente gosto, vejo um quadro absurdo de magnífico e dobro-me para lhe ver o título e é “Inês, Cabrocha Brasileira. 1938” e até a alma se me dá uma volta no estômago... mas a porra do quadro não deixa de ser o que é.

Mas saímos de lá e depois de mais 1/2 deambulação à chuva ao vento e ao sol de óculos escuros lá partimos, apanhamos mais duas estações do ano e quase noite antes de chegarmos ao Museu Nacional Resistência e Liberdade... intelectualmente não aprendo nada que não soubesse intelectualmente já... tecnicamente os curros do Aljube são piores; mas o parlatório é qualquer coisa de medonha, o entre a proibição e a auto-proibição de olhar para o mar (quando estás rodeado por mar por todos os lados, até por baixo, às vezes até por cima) é de amarfanhar a alminha até o amarfanhar quase parecer não deixar marcas na dita, de tão amarfanhamadinha que está.


 

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