“The Handmaid's Tale” temporada 1, 2017.

O teatro vai ser sempre o que sempre foi desde o tempo do Ésquilo, porque estamos lá quando a transcendência acontece e não dá para fugir e quando acontece é indescritível e tu sabes do que é que eu estou a falar... Mas quando falamos do cinema e da televisão (teatro filmado e transmitido em diferido) eu cresci numa realidade simples e ordenada... os écrans dos cinemas eram enormes e as televisões pequeninas, os filmes custavam fortunas e as séries ninharias, os filmes eram complexos e as séries repetitivas, os actores a sério estavam todos nos filmes e os medíocres na telenovela...
As coisas mudaram primeiro imperceptivelmente, as salas de cinema foram encolhendo em tamanho e os filmes repetindo em formato e essência, as televisões cresceram e a quantidade de canais permitiu nichos cada vez mais experimentais.. depois aconteceu os “Sopranos” e toda a gente percebeu que algo tinha essencialmente mudado. O “The Wire”, “Roma”, “Breaking Bad”, “Shameless”, “Deadwood”, “My name is Earl”, “Dexter”, “30 Rock”, “Guerra dos Tronos”, “House of Cards”, “Vikings”, “Orange is the new black” ou “Narcos” só vieram chover no molhado.
Este “The Handmaid's Tale” é uma ENORME obra-prima.. mesmo descontando a o texto de partida da Margaret Atwood (que em 1990 já tinha sido transformado num filmezinho fajuto que a Faye Dunaway e o Robert Duvall carregam a custo), texto absurdamente essencial a todos os humanos com ovários, ou sem eles, mais que não seja porque explica muito bem como funciona o poder e como tudo o que consideramos adquirido se esfuma no ar em dois segundos...
mas dizia eu, mesmo fora o texto... a coisa é perfeita: cenários, figurinos, fotografia, banda-sonora, edição, realização... e os teus colegas!! Santo deus me dê olhinhos e orelhas (e queixo para cair)! A Elisabeth Moss (que eu conhecia da “West Wing”), Samira Wiley e Madeline Brewer (Orange is the black), Alexis Bledel (Sin City),  a enorme Ann Dowd (ENORME!!!) e a Yvonne Strahovski que do “Dexter” eu já sabia que era uma actriz a sério mas nunca esperei capaz do que a vi fazer aqui!! Francamente: o cinema norte-americano está morto, longa vida à televisão!
OBRIGATÓRIO.

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