“She-Wolves - England’s Early Queens” Helen Castor, 2012.
Agora isto é que é um documentário histórico à inglesa como
deve ser! Três episódios apenas sobre as seis mulheres que, antes da Isabel I,
exerceram real poder em Inglaterra, a saber: a imperatriz Matilde (1102-1167),
neta de Guilherme o Conquistador, viúva do imperador sacro romano-germânico
Henrique V e mãe do futuro Henrique II de Inglaterra, primeira mulher a
reclamar o trono inglês em nome próprio; Leonor da Aquitânia, nora da anterior,
proprietária pessoal de para aí metade do que hoje chamamos França, rainha
consorte de França até ao seu divórcio, participante na 2ª Cruzada, rainha
consorte de Inglaterra quando casa com um Henrique II mais novo, mais pobre e
menos poderoso, mãe do Ricardo Coração de Leão que levanta contra o próprio
pai; Isabel de França (1295-1358), a princesa do “Braveheart”, filha do
terrível Filipe o Belo, humilhada pela mui assumida homossexualidade do marido
Eduardo II, que acaba a invadir Inglaterra à frente dum exército mercenário que
haveria de depor o marido e (literalmente) cortar os tomates ao amante deste; Margarida
de Anjou (1430-1482) mulher feroz do tolo Henrique VI, que em grande medida
abre as hostilidades da Guerra das Rosas; Jane Grey (1537-1554) a rainha dos 9
dias, a única que destoa na colecção porque a única que é empurrada e
manipulada pelos poderosos à sua volta, única que acaba com a cabeça no cepo
também; e finalmente a Maria I “Bloody Mary” a filha muito católica do muito
protestante Henrique VIII, histérica e maníaca a não ser quando se tratava do
próprio poder, aí era só absolutamente fanática.
Isto foram tudo mulheres extremamente interessantes,
tratadas com cuidado pela historiadora competente que é a Helen Cantor, que
como boa historiadora as trata no contexto próprio sem se esquecer de
estabelecer as continuidades com o nosso, tratando o poder no feminino como
deve ser, ou seja, como uma extensão do poder e não uma do feminino.
Como documentário histórico já vi melhor, mas está
milhas acima do risco do “bom”.
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