“The Last Kingdom” 1ª temporada, 2015.
Esta eu andava para espreitar há uns tempos já mas estava
com medo que fosse só uma corrida da concorrência para fazer uns “Vikings”
versão barata... e é uma versão barata do “Vikings” o que, surpreendentemente,
não é uma coisa má!.. Eu sei, eu também não enrolei o miolo na coisa logo à
primeira, mas eu explico-me: a narrativa segue um mocinho específico, o Uhtred,
um saxão (o povo invadido) que é criado amorosamente por uma família
escandinava (o povo invasor) e acaba com uma identidade híbrida e negociável
que tanto está do lado de cá como do lado de lá duma linha em constante movimento...
tudo isto se passa mais ou menos uma geração depois do “Vikings” ou seja em
pleno levantamento e resistência saxónica contra o invasor escandinavo
liderados pelo Alfredo o grande. O pitch da série é claramente ser um “Vikings”
mais colado à História (o que é irrelevante quando a únicas fontes que temos
são um par de monges elegíacos que escreveram três gerações depois dos factos)
e expurgada do misticismo e figuras semi-lendárias que pululam pelo
“Vikings”... a realidade é que isto é um “Vikings” menos ambicioso e mais
barato, o que não é necessariamente mau... a escrita é decente e interessante e
suficientemente complexa e psicológica, os actores são absolutamente decentes
(com o Ian Hart pelo meio a roubar todas as cenas com a sua personagem muito
pouco secundária), os figurinos e a cenografia são baratos mas escorreitos e a
realização só não sabe filmar as cenas de porrada (o que é profundamente
britânico)... de resto deixa-se ver brilhantemente, dá a sensação da
complexidade da época sem querer ser uma peça filosófica o que não é pecado
nenhum e não cai nas esparrelas do excesso de unhazinhas de fora do “Vikings”
(que eu adoro, diga-se) como a chinesinha do ópio ou o casting do trambolho da
filha do Polanski, que compartilha o talento para os palcos da mãezinha, a Seigner.
Aconselhável:
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