“Anarchism and other essays” Emma Goldman, 1910 (lido pela Suzanne Toren).
Eu já li um pedaço sobre esta bela possibilidade: Stirner,
Saint-Simon, Tolstoi, Proudhon, Kropotkin, Bakunin, Guillaume, Malatesta, Émile
Henry, Pouget, Chomsky... e regra geral o que tinha ouvido dizer da Emma
Goldman é que tinha sido muito jeitosa a fazer discursos mas não era “uma
verdadeira teórica”. Gravíssima, imensa injustiça!
Nestes 12 ensaios ela trata sucessivamente: o verdadeiro
significado de Anarquismo (estabelecendo-lhe sucintamente os limites de
previsão futura, numa maneira com que eu não podia concordar mais
entusiasticamente); o drama da minoria versus maioria (extirpando o discurso do
habitual angelismo anarquista com “as massas”: a massa é estúpida e cruel, a massa
é um povo bebé); a psicologia da violência política (se não justificando o
tiranicídio como faz melhor Bakunin, pelo menos explicando-o muito mais
competentemente); demolindo sistematicamente (e duma maneira basicamente
absoluta) o sistema prisional, o patriotismo, a escola católica e o puritanismo
protestante; aponta a ficção encenada (o teatro ao tempo, mas que é facilmente
extrapolável para os nossos cinema e televisão) como um veículo de luta; e
mastiga engole e digere todos os dramas do sufragismo, da emancipação feminina
não só tal como estava em 1910 como haveria de ser na segunda e terceira
vaga... é espantoso! A tia Emma em 1910 vê claramente as camisas de sete varas
em que as mulheres “libertadas” das nossas gerações se haveriam de enfiar... é
espantoso.
Totalmente cínica, absolutamente ante-moral convencional,
sem um pingo de angelismo ou auto-importância teórica, pesporrência
planificadora que ataca tanto os camaradas, uma pena brilhante, escorreita como
só os americanos e cheia de humor.... Admirável!!
ps. Suzanne Toren uma leitura brilhante! O sotaque
correcto a ler francês e espanhol e russo e alemão, espantosa! Só pisa em ramo
verde quando diz Francesc Ferrer em castelhano em vez de ser em catalão (e
mesmo assim safa-se porque a própria Emma Goldman escreve “Francisco” em vez de
“Francesc”).
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