“The Golden Notebook” Doris Lessing, 1962 (lido pela Juliet Stevenson).

E acabei hoje o Golden Notebook da Doris (por falar na tua irmã). Esta é uma das autoras fetiche da tua maninha (assim aos níveis da Simone de Beauvoir e do António Lobo A.), há anos e anos e anos que andava a levar com ela by proxy e agora (com esta minha nova tolerância para o romance) lá lhe mergulhei na cabeça.
E odiei, odiei profunda e essencialmente... e nem sequer é por ela ser má (má como em falha, não, não é isso, ela é absolutamente brilhante, não é por aí) ou por discordar essencialmente com alguma coisa que ela intua (tia Doris nunca diz, só aponta, só intui, porque a tia Doris é agressivamente brilhante), tudo aquilo em que ela pousa o olhar e que eu conheço o suficiente para ter opinião é brutalmente descrito, analisado, desmontado, reencenado, escalpelizado (porque a tia Doris é dolorosamente brilhante)... o que só me faz temer pelo que ela diz daquilo de que eu não posso saber (antes de mais o ser mulher no meio dos homens).
Tia Doris vai ser claramente daquelas que eu li uma vez, nunca mais vou voltar a tocar nem com uma vara de 2 metros, e nunca mais vou esquecer... a tia Doris tocou-me, mas duma maneira que eu não gostei, de que eu não preciso de ser tocado. Tocou-me e (ainda bem, não se perde nada, aprender é sempre sofrer) já chega, I’m good! Para cínico no mau sentido da palavra já chego eu, entre o Schopenhauer e o Nietzsche estamos servidos de cinismo e pessimismo dentro da minha cabeça, mais a tia Doris e é overkill; eu bem sei que estamos deitados na valeta, não é dessa parte que eu preciso que me recordem, mas sim da parte que mesmo da valeta podemos ver as estrelas no céu, foda-se lá o caralho.
Caramba, vou odiar este livro até à campa, intensamente!
E quanto aquilo de que não posso saber, do ser mulher, só se me dá para parafrasear o tio Almada: se isto é ser mulher, eu QUERO SER ESPANHOL!

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