“A Doença, o Sofrimento e a Morte entram num bar – uma espécie de manual de escrita humorística” Ricardo Araújo Pereira, 2016.
Isto começa por ser uma grande pulhice feita à cáfila de
supostos humoristas nacionais da treta que pululam com o subtítulo...
Está-se mesmo a ver os Markls e os Alvins e os Raminhos e os
Sinéis de Cordes e os outros 234 mil aspirantes a stand-up comedians nacionais
da movida hipster betinha bem-alimentada só ligeiramente pós-producções
fictícias da comédia portuguesa a comprarem (e lerem!!!) esta “espécie de
manual de escrita humorística” para só no fim descobrirem que se forçaram a ler
um ensaio erudito sobre o lugar da comédia no mundo... essa é grande piada
aqui, e é literalmente IMPAGÁVEL.
Posta a piada de lado, esta é grande tese de doutoramento em
Comédia do Ricardo, se ele precisasse de tal coisa. A avalanche de inteligência
profunda, de erudição baseada, de filosofia e poesia em suma (para as quais,
insisto, tende toda a ciência e toda a arte) e que nalguns casos raros (como a
poesia, a comédia, a arquitectura e o teatro) as faz confundir.
Isto é um objecto raro e discretamente espantoso,
citando: “Não conheço melhor definição do trabalho do humorista. Fazer com que
as pessoas se riam desta ideia: por mais que façam, vão morrer. Fornecer-lhes
uma espécie de anestesia para esse pensamento. É um ofício belo, nobre,
indispensável e inútil”.
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