África mãe áfrica.
Última noite de soltura antes da cria voltar da costa dos
avós e bute jantar fora e dar um pé à pista. A tua irmã anda-me a ler um
francês sobre a africanidade de Lisboa e por isso temos direito a uma Lisboa
especialmente africana hoje:
Primeiro cachupa numa tasca (“Tambarina”) na Poço dos
Negros, claramente a mais recente coqueluche da esquerda bem-alimentada e dos
franceses de visita, mas.. fora a confusão de serviço e sujidade inerentes
(necessárias) a uma tasca.. fraquinho à brava no que toca a comes... cachupa
vegetariana (que é uma aberração a precisar de criminalização), cachupa de
carne (que foi o que eu comi para descobrir que era só porco desossado, o que
rouba à cachupa para aí 39% do sabor) e cachupa “especial” (que trazia um ovo
estrelado em cima, o que quer dizer que é “especial” como algumas criancinhas
nos States são especiais).. para ainda por cima a vegetariana da tua irmã vir
tão queimada que teve de voltar para trás (uma antropóloga numa tasca!!!)..
resumindo, como diria o teu paizinho “não ficámos fãs”.
Desce daí ao Cais, super hipster e gentrificado e
francamente sem grandes queixas de quem conheceu bem o que aquilo era, e bute
ao novo B.Leza junto ao rio.
Eu ando tão fora da movida que a última vez que fui ao
B.Leza ainda era cá em cima naquele edifício lindo e decrépito... cenas óbvias:
armazém junto ao rio, mais limpo e organizado do que o original alguma vez foi;
a onda “associação” desapareceu completamente e o “clube noturno” completamente
assumido; mais velho, mais branco, a esquerda-caviar basicamente desaparecida, a música na mesma (boa sem ser esmagadora); o
engate muito africano do “dama?? estás só?!” ainda lá anda mas muito menos agressivo,
a vista da pista para o rio ESPANTOSA (como é que uma cena tão óbvia demorou
tanto tempo a acontecer?!).. uma pista que já não é o terror do branco que acha
que dança que era há uns anos! Essa é a principal diferença: a pista do B.Leza
era absolutamente intimidatória! E eu, apesar de já não ter a endurance dos
meus 20 anos, mexo-me que chegue para o B.Leza de hoje, quando no B.Leza de
antigamente me encolhia no bar a sorrir muito.
Cereja em cima do bolo, na volta no 202 às 4 e tal lá
entramos no autocarro já os lugares estão todos preenchidos, um dread do Padre
Cruz lá do fundo dá o lugar à tua irmã (claramente antes de me lhe ver à
arreata) o que a tua irmã depois interpreta como “viste o puto a dar o lugar à
kota?!”.. quando é bem óbvio que se nascer giro é uma grande coisa!
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