O “Tratado de Kadesh” e a “Descida de Ishtar ao submundo”.

Continuo com o Ancient Recitations e desta vez com estes dois clássicos: o tratado de paz entre hititas e egípcios assinado pelo Hatusil III e o Ramsés II +ou- em 1259 a.C. e a “Descida de Ishtar ao submundo” +ou- 2000 a.C.
Do primeiro, esse caso espantoso de como de um empate (a batalha de Kadesh propriamente dita) e dum tratado de paz grandiloquente nas expressões de amizade (o tratado da “paz eterna” entre os “reis irmãos”) não só não resultou paz nenhuma que se pudesse mostrar, como, internamente, o Ramsés II montou uma propaganda espantosa de como teria esmagado o inimigo hitita duma maneira tal, que até hoje se reverbera como o enorme rei militar egípcio clássico.
Do segundo, um conto órfico (onde um vivo vai ao mundo dos mortos) por mais que acabe por correr mal à Ishtar no fim por conta da sua (diriam os gregos) hubris, a verdade é que não se me consegue contrariar a imagem dum mundo mediterrânico onde as mulheres são uma coisa muito diferente daquilo em que se tornaram depois dos gregos, dos hebreus e do cristianismo... basta dizer que o poema começa com Ishtar às portas do mundo dos mortos “a terra sem regresso” a exigir entrada apesar de viva “e Ishtar disse ao porteiro Abre as portas! Se não abrires as portas eu vou partir as portas e entrar! Eu vou forçar as fechaduras e partir os batentes e deitar as portas abaixo e entrar, e ainda vou trazer os mortos para comer os vivos e os mortos são mais numerosos que os vivos”...
o que é caso para dizer:
bom dia também para ti!

Comentários