”Aguirre der Zorn Gottes” Werner Herzog (tb. “Aguirre a Cólera de Deus”), 1972.
Este tem tantas camadas que eu nem sei por onde começar...
eu vi isto em puto (2º canal às tantas da noite sem preparação
nenhuma nem possibilidade de investigar na altura... não era não ter internet,
nem o botãozinho do “que filme é este” havia quando eu era puto lembras-te?!).
Agora com o Bueno
a falar-me das descidas do Amazonas pelos espanhóis peruanos lembrei-me do
filme e resolvi vê-lo mas em crescido... e como diria o Eça: ó menina!
Eu não me vou meter na loucura que foi a produção (uma
câmara roubada e seis técnicos, um argumento escrito em horas de que ninguém se
lembra, os actores a actuar basicamente a realidade que estavam a viver, o
realizador a ameaçar o elenco com uma pistola, as mui suaves alusões à profunda
perversidade do protagonista)... isso acaba por interessar pouco no fim.
O filme é uma obra prima, é um espantoso retrato do absoluto
génio do palco que era o Kinski e do absoluto génio da câmara que é o Herzog. A
(não é falta, é absoluta) ausência de meios só lhes mostra o génio de uma
maneira mais evidente...
Que o filme é sobre o genocídio e a megalomania é chover no
molhado... o que me parece gritante e sei que nunca ouvi ninguém dizer é que
este filme é sobre o nazismo... se quisesse (eis a face pedagógica) mostrar o
nazismo aos meninos mostrava-lhes isto (e não a “Lista de Schindler”)... a
lista é um filme com nazis; isto é um filme sobre o nazismo: um bando de loucos
numa jangada à deriva que vão conquistar o mundo apesar da única coisa que
realmente fazem é matarem-se uns aos outros e queimar tudo à volta e foderem as
próprias filhas para gerarem a “mais pura das raças”...
isto pode muito bem servir de retrato visual ao genocídio
sul-americano do Bueno mas a verdade é que tem muito mais a ver com a Alemanha
nazi que viveram o Herzog e o Kinski...
seja como for, é absolutamente OBRIGATÓRIO:
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