“The Mahabharata” Peter Brook, 1989-90.

Isto é um daqueles trabalhos impossíveis que sabem os deuses como o Peter Brook conseguiu fazer. O “Mahabharata” é o grande texto sagrado hindú, mais antigo e dez vezes maior que a “Ilíada” e a “Odisseia” juntas e, somehow, ele conseguiu transformar isto em teatro (sim, porque isto é muito mais teatro filmado do que outra coisa qualquer).
O teatro, quando é mesmo muito bom, verte em filosofia e muda o espectador; aqui a coisa é ao contrário. A filosofia, a sabedoria profunda já estava no texto, a questão é como a encenar... e o tio Peter, brilhante entre os luminosos, consegue-o, ensinando-nos com o “Mahabharata” muitas coisas, a menor das quais não é o facto de todo o poder ser traição, muito cinicamente assumido pelas letras sagradas:
e a questão não é quais as respostas que tu saberias responder às perguntas do lago, mas quais as respostas certas que te surpreenderam, e porquê?

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