A Rita Roberto e a tua sobrinha.

Água mole... haviam 354 coisas que eu detestava nas antigas aulas de dança da tua sobrinha (a começar pelo facto da professora não gostar nem respeitar música) e nunca perdi uma oportunidade de moer e chungar e roer e esperar até que eventualmente resultou.
E daquele coio de mediocridade a tua sobrinha transitou para as aulas da Rita Roberto uma rua acima... ora eu sou ceguinho para a dança (nem peço desculpa, cada um é para o que nasce!) e de a levar e buscar às aulas não apanho grande coisa é óbvio, mas hoje tivemos o dia em que os pais foram convidados a voltar a meio da aula para “ver” (foi assim que me foi vendido e é de admitir uma dose de malandrice da tua irmã), mal entro lá e vejo um outros pais em meias percebi logo que estava quilhado.
Claro que acabámos todos a dançar (eu até de coreógrafo improvisado) e não nos envergonhámos (foi uma sorte eu andar de meias grossas de Inverno sem buracos)... a tua irmã fez-me um daqueles elogios velados à laia de “ããã.. fartaste-te de dançar..” ao que eu respondi obviamente com um “..que remédio!” resmungado, mas quase que me diverti...
Pelo meio das músicas dos vários quadros até à Maria João tivemos direito, o trabalho (tanto quanto consigo perceber) é uma inundação de imaginação e côr e ausência de gritaria (o truque para nos pôr a mexer, com recortes de fotografias mais ou menos abstractas, é absurdamente eficaz).
Em resumo, a dança da tua sobrinha foi “deslobotomizada” e eu estou muito orgulhoso por ser tão chato,
bendita Rita “Roberta” (como dizia a fera quando era pequena).

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