“Reader” Fran Lebowitz, 1994.
Isto é uma colecção de crónicas (os americanos chamam-lhes
ensaios “essays” mas a soberba é especialmente inadequada desta vez) da
Lebowitz, originalmente publicadas entre 1978 e 1981.
A Fran Lebowitz é o exemplo (quase caricatural) da
intelligentsia costa-leste nova-iorquina norte-americana muito cínica e
especialmente misantrópica que (naturalmente me é simpática) e eu conheço de há
um pedaço largo antes de mais dos comentários sempre cortantes em programas
como o Real
Time, mas que nunca tinha lido na sua originalidade.
Ora a Fran é antes de mais uma “wit” (coisa que não tem bem
tradução em português... alguém absolutamente rápido, cortante e inteligente
que sabe com humor desarmar uma qualquer discussão, os exemplos clássicos são o
Oscar Wilde e o Mark Twain; uma qualidade que tem, pela sua rapidez, muito mais
a ver com esprit francês do que com o humour anglo-saxónico).
Ora o problema que desenvolvi com a Lebowitz não é nem
formal (apesar da muleta, preguiça, repetida das listas disto e daquilo
começasse a chatear à terceira) nem tanto o vazio moral (a amoralidade é uma
qualidade sempre prezada cá em casa) é antes de mais o facto de ela
aparentemente ser total e absolutamente oca... ela não tem nada para dizer... o
que não a impede de se queixar o dia todo há uma geração (o que lhe garante o
pão e ainda bem para ela).
Claramente a melhor pessoa possível para nos cruzarmos numa
vernissage, num jantar ou na estreia duma peça, mas há ali uma exibição da
própria crueldade que se torna agonizante muito rapidamente (a crónica sobre
engates “tricks” só é publicável hoje porque escrita por uma lésbica esquerdista,
se fosse assinada pelo Weinstein chamavam-lhe confissão)...
para a ler, francamente, tenho melhor com que fazer com o
meu tempo.
Como diria a avó da Ana Jorge, benzá deus!
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