“A Gray State” Erik Nelson, 2017.
Este é um documentário sobre a morte e obra do David
Crowley, um documentário sobre a sua morte e obra que se esforça imenso para
não discutir a sua morte e obra.
O David Crowley foi um moço, veterano das guerras que os
americanos vão arranjando que se propôs fazer um filme distópico sobre aquilo
em que a América das liberdades (para os brancos como o David Crowley) se
tornaria se deixássemos (sei lá...) as gajas abortarem, os mexicanos
colonizarem o Texas, alguém discordar do Trump ou a lei sharia ser imposta no Oklahoma...
o moço era um tantã de extremíssima-direita (leia-se “um liberal”, um
“anarco-capitalista”) e prometeu fazer um filme sobre os perigos que o
heterossexual branco classe-média sócio da NRA do Iowa corre nestes tempos
terríveis e é claro que obteve imediatamente financiamento e apoio online...
E depois fechou-se em casa com a mulher e a filha de 5 ou 6
anos, até serem eventualmente descobertos mortos a tiro com um belo “allahu
akbar” escrito (em inglês) na parede com o sangue da mulher.
A polícia concluiu que ele assassinou a mulher e a filha e
escreveu a “mensagem” antes de se suicidar, os teóricos da conspiração da
direita descabeçada online podes imaginar o que acharam... o filme...
aparentemente, não tem opinião.
Não tem opinião sobre o que ele estava a fazer em vida, e
não tem opinião sobre o que aconteceu lá em casa imediatamente antes de toda a
gente ter sido encontrada morta (menos o cão, o moço aparentemente adorava o
cão, o único sobrevivente)... e eu até percebo o que é que eles estão a tentar
fazer, que é pegar os maníacos pela mão e muito muito muito carinhosamente
tentar puxá-los para a realidade...
mas independentemente da possibilidade disto ser possível,
conversar com malucos, coisa de que eu tenho SERÍSSIMAS dúvidas,
detesto objectos sem opinião, ou melhor, sonsos que se
fingem sem opinião... poupem-me! eu sei que é suposto ser pedagógico mas a
palavra é mal aplicada porque “pedos” quer dizer criança e não tolinho...
não sei... não gostei.
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