“Hans Staden – Lá vem nossa comida pulando” Luiz Alberto Pereira, 1999.
O Hans Staden foi um mercenário alemão do séc. XVI
contratado pelos portugueses para combater as tentativas francesas de
penetração no Brasil.
Por volta de 1550 foi capturado pelos tupinambás (aliados
dos franceses) que o começaram imediatamente a preparar para ser comido (o
ritual antropofágico nativo brasileiro era relativamente longo e complicado)
“lá vem a nossa comida pulando!!” é o primeiro passo do ritual: o que as
mulheres e crianças da aldeia gritavam à chegada do prisioneiro trazido pelos
guerreiros. Ele fica prisioneiro durante 9 meses conseguindo atrasar o destino
com uma série de artimanhas, até que eventualmente é resgatado por um navio
francês e volta a Europa para escrever o clássico “História Verdadeira e
Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos,
Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo
nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de
Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público
com essa Impressão” mais conhecido como “Duas Viagens ao Brasil” que foi um
enorme sucesso na altura e é até hoje um dos melhores relatos etnográficos
sobre nativos brasileiros pré-colombianos.
O filme é muito colado ao relato original e duma rara beleza
e sensibilidade, chega-se a verdadeiros requintes de malvadez com o retrato da
época e da vida dos tupinambás, sem se perder a oportunidade para a poesia.
Muito muito bom!
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