“Riphagen” Pieter Kuijpers, 2016.

 

Ora muito bem... primeiro ponto: o neerlandês (e o flamengo já agora) é uma língua de trapos absolutamente insuportável de ouvir... a malta queixa-se muito do alemão e do chinês como línguas más de ouvir.. mas (pelo menos) para mim, as línguas dos países baixos sempre me foram muito mais insuportáveis... portanto começar a ver qq daquela zona já começa doloroso.

A personagem, isto é um biopic, é capºaz de ser do mais obsceno que apareceu no século XX: o Riphagen foi um gangster holandês (assaltos violentos, jogo, prostituição, etc.) com escola norte-americana do tempo da Proibição, um verdadeiro crente fascista (militante da versão local do partido nazi), na ocupação reciclou-se em auxiliar da Gestapo e caçador de judeus a quem prometia a salvação para Inglaterra a troco das jóias de família (que ele arrecadava num mui honesto banco no Luxemburgo) enquanto embarcava as vítimas para os campos da morte; com a libertação “morreu” e desopilou (a expensas da Santa Madre Igreja) primeiro para Espanha e depois para a Argentina, depois de endrominar os “libertados” holandeses. Na Argentina havia de se tornar amigo do Perón e “dar formação” aos anti-comunistas “serviços de segurança” argentinos... com regulares viagens à Europa para levantar o espólio do Luxemburgo, o estado holandês havia de se lembrar dele (e emitir o mandato de captura internacional) em 1988, sendo que ele morreu luxuosamente na Suíça em 1973.

O filme é mau!.. não só se interessa exclusivamente pelo que aconteceu na Holanda durante a ocupação (com um interesse cheiro a acertos de contas internos, mas isso não sei, nem quero..), sendo que o antes e depois parecem um desinteresse menor; mas é dolorosamente.. incompetentemente lento.. o raça do filme tem duas horas e parecem vinte anos francamente nem sei como, mas é terrível... como depois há um polícia bom que narrativamente absolve a Holanda enquanto colectivo como há clara, palpavamente um substrato de admiração pela criatura absolutamente confessada... ele é terrível mas absolutamente superiormente hábil... um Übermensch para além do bem e do mal, um anti-herói a ser admirado e não a escória que realmente foi...

muito muito mau, por três ou quatro razões diferentes, verdadeiramente tóxico...

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