“Begin Japanology” à volta de 6 temporadas, Peter Barakan, 2008 – 2014.
Andamos a ver isto há anos, regularmente desde que voltamos de Paris pelo menos, vimos literalmente largas dezenas de episódios, foi um longo sucesso cá em casa.
Série documental sobre características episódicas da cultura japonesa apresentada por um inglês de origem húngara que é o caso mais grave de gone native que se me alembra.
A série é muito boa e fartamo-nos de aprender coisas (há episódios verdadeiramente fascinantes).. limitações: parece sempre ter sido filmada com tecnologia do início dos anos 80; não há Japão moderno... é sempre tradição antiga e mesmo quando não é o Barakan consegue atirar a coisa para o início do período Edo (a coisa mais recente que vês é o karaoke ou algum arranha-céus do fim dos anos 70); e finalmente (e pior) é tudo positivo e brilhante e os japoneses são sempre espectaculares... aparentemente a evidente rigidez da cultura japonesa adequou-se de tal maneira ao amigo Barakan que não há nunca nenhuma anomia (social ou psicológica... em centenas de episódios não há nenhum sobre normatividade sexual, os yakuza, o fascismo japonês durante o século XX ou as criancinhas que se isolam socialmente por não conseguirem corresponder ao esperado, os hikikomori)... até os terramotos são só ocasião para demonstrar o espírito nacional de entreajuda...
portanto para antropólogos sabe muito a trabalho etnográfico... cheio de entusiasmo e conhecimento local mas muito atreito a esconder o que não interessa no auto-retrato da comunidade (a velha guerra da “aqui na nossa aldeia damo-nos todos bem, isto é uma família”)... mas com o devido GRÃO de sal, vê-se muito bem e com prazer.
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