“Tom of Finland” Dome Karukoski, 2017.
Tinha este para ver e apanho-o por acaso a dar.. meto para trás e vejo-o, é uma ligeira desilusão mas francamente não sei como é que podia ser doutra maneira (na verdade sei, mas lá chegaremos).
Este é um biopic sobre o Touko Valio Laaksonen, o finlandês veterano da Guerra do Inverno e da Segunda Guerra Mundial que, sob o nome de Tom of Finland começa a publicar desenhos em revistas “de culturismo” ianques e se transforma no mais icónico ilustrador gay do séc. XX (de longe) construindo basicamente sozinho a estética do homossexual ultramasculinizado, sarado, bigodudo, fardado ou coberto de coiro à motoqueiro dos anos 50 (para notas rever o Somerton).
Ora o filme vai naturalisticamente e mostra-nos o homossexual de armário que era o Touko lá na Finlândia sombria do pós-guerra, do drama pessoal e das festas secretas perseguidas pela bófia e eventualmente o que foi para um Tom maduro cair na Califórnia em plena libertação sexual... é descritivo mas absolutamente seco e sabe muito mesmo muito a pouco.
Em rigor a vida dele foi provavelmente isto, mas isto é descrever o Leonardo como um gajo que acorda, passa o dia a espalhar tinta numa tela, come uma bucha e vai para a caminha... é verdade, mas o quotidiano verdadeiro dele não é a razão pela qual fazemos filmes sobre o Leonardo... ou o Touko... e a verdade é que era preciso uma abordagem mais onírica, mais corajosa (e mais cara) à coisa que não há aqui (por falta de jeito, tomates ou dinheiro) e por isso vemos a vida dum desenhador que tem uns problemas pessoais mas nada de francamente o outro mundo (tudo pão com manteiga quando comparado com um Michelangelo ou um Caravaggio) mas é basicamente a vida dum tipo que acorda, desenha desenha, mete uma bucha, bebe uns copos com o namorado, quase que jura à mana que qualquer dia casa com uma moça e têm muitos meninos (por mais que a mana não lhe pergunte nada), desenha mais um bocado e vai para o óó...
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