Dário Guerreiro & Diogo Batáguas.
O stand-up em Portugal ainda não é, por mais que eles se convençam que o “Levanta-te e Ri” e o acesso à internet resolveram a coisa, a verdade é que o maior “humorista” nacional continua a ser o contador de anedotas do Fernando Rocha... a malta pode incensar o Ricardo Araújo Pereira e o Bruno Nogueira mas nenhum deles faz stand-up cá (o RAP vai fazê-lo ao Brasil, mas cá está qu’éto!) cá não paga mantendo toda a violência para o performer que tem em todo o lado, levar porrada de salas com 40 pessoas não é para estrelas destas... antes de mais porque ainda não há cultura nenhuma de stand-up (ao contrário da manha do contar de anedotas, a mais estabelecida técnica de comédia nacional)... e por isso é que eu dou sempre algum desconto aos pioneiros, aos batalhadores que a golpes de rim vão tentando criar um espaço e um tipo.
Isto não é nada simples e necessariamente que não havendo mercado vai começar por ser feudo de meninos brancos burgueses abobados e isto ainda vai ser assim durante uns tempos, preguiça, recurso ao básico quando não à imitação (às vezes mais simplesmente plágio), mete em cima disso a sombra das Produções Fictícias (o monopolista da comédia nacional agora que o La Féria se reduziu ao reencenação da Broadway) e a coisa não está fácil... e no entanto, e pur si muove...
Estes dois jeitosos têm quase todas as insuficiências da classe: o ferrete de netos do Herman, filhos das Fictícias, a queda para o chafurdar na cultura pop como se fosse obrigação, o discurseto muito crente da “cancel culture” e da liberdade de expressão (levada a níveis teológicos)... mas são genuinamente engraçados, o Dário Guerreiro, daqui para a frente infame por causa da foto do teu pai com edil de Portimão, tem a rara qualidade (na classe) de ser povão e orgulhar-se disso; o Batáguas vai-se lentamente libertando da quase asfixiante sombra do Ricardo Araújo Pereira...
e ambos conseguem, inacreditavelmente, fazer rir sem serem absurdamente racistas, sexistas ou homofóbicos algo que, tantos filhotes das ilustríssimas Fictícias depois, eu já achava impossível:
https://www.youtube.com/channel/UCuuDtFOVboLkAa6iD1WPAcA
e
https://www.youtube.com/channel/UCQ2IleutNd89c9F-LjrwwwQ
ainda não pago para ver um espectáculo... mas há esperança.
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