“Capitães de Abril” Maria de Medeiros, 2000.


 

Ainda na semana santa acho bem foçar adiante e rever isto.

Eu vi isto uma única vez, em sala (em pleno paroxismo da tese de licenciatura sobre a memória do 25 de Abril) ao tempo, e se bem me lembro não deixei ninguém ver o “filme” sossegado com os saltos que dava na cadeira...

mas já passaram (literalmente) 20 anos e achei por bem rever a coisa, não sei como consegui embarcar a tua irmã e a pobre da tua sobrinha nisto...

E é espantoso... a Maria de Medeiros ser uma actriz respeitada já é uma espécie de anedota, mas vá, para o papel certo... mas argumento e realização... Deus Nosso Senhor e o Menino Jesus e a Nossa Senhora das 8 Horas nos acudam!!

Este filme é tão absurdo, horrendamente escrito e realizado, tão obsessivamente egocêntrico que é um absoluto hino não só à militante desmemória portuguesa como à completa autocomplacência da intelligentsiazinha nacional, isto não é um filme.. é um case-study!

A nossa última revolução, que teve que chegasse de pícaro é levada aos fundilhos do nonsense pelo inacreditável ego da Maria: a revolução faz literalmente uma pausa para ela flirtar com o Salgueiro Maia naquela espantosa viagem do Terreiro do Paço ao Carmo, que sobe pela Calçada de São Francisco via Rua Augusta passando antes pelo Cais do Sodré (numa inabilidade de realização digna de marabuto ianque a filmar em Paris, onde é costume um gajo virar à esquerda da Notre Dame, passar por debaixo da Torre Eiffel e descer para o Sacré Coeur), algo que devia fazer gargalhar qualquer lisboeta; quase tão espantoso como a espontânea manifestação feminista!

Pensar que é isto que mostram às criancinhas na escola para falar do 25 de Abril.

Ter feito estas duas ver isto devia ser considerado uma forma de violência doméstica.

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