Musiquinha mole que está na moda agora.


 

Na senda do “Deixem o Pimba em Paz” tropeço neste momento...

Eu cada vez estou mais consolidado no meu olhar que a velha antítese do fado & samba como músicas respectivamente demasiado triste e excessivamente alegre é o maior erro de leitura de sempre... não só há sempre um desespero de substrato à alegria dionisíaca do samba, como de regresso, há sempre uma força interior, uma resposta mesmo que desesperada no fado. O samba diz o mundo é uma merda mas não penses nisso, o fado diz o mundo é uma merda mas não há de ser nada e na verdade ainda podia ser pior, no fim o fado tira-me mais do ennui do que o samba (que cansa rapidamente) e não o tenta negar, mas se calhar é só por eu ser lisboeta e não carioca.

Seja lá como for, e por mais que se insista que o fado é muito triste e tristonho e depressivo (o que eu não assino de cruz) o que não se pode dizer do fado, ou de qualquer outro estilo musical português anterior, é que fosse molinho, fosse eunuco, caseirinho, destomatadinho... seja o folclore ou fado, a música de intervenção, os diminutos pop rock rap ou jazz, o pimba... tudo tem pulsão vital! Até a porra da música das filarmónicas (esse cancro sonoro) e o histérico-sussurrado fado de Coimbra tem ressonância, não soa a algo cantado a partir dum sofá muito bem almofadado, quentinho, molinho, confortável...

E agora temos estes cabranotes todos da moda de agora... que as redacções e as agências de publicidade claramente adoram e que soa tudo mais ou menos à mesma merda... uma merda sem dúvidas, sem riscos, sem tomates, sem força, sem alma nem cheiro nem merda nenhuma, uma merdinha capada, eunuca, contentinha consigo mesmo, não há palavras que descrevam o horror e desprezo que é ter que levar com eles na rádio e na televisão e na publicidade a bancos... valha-me Santa Ágata quando tenho de levar com coisinhas como a Luísa Sobral e o mano da Eurovisão; o Zambujo; o Miguel Araújo; o João Pedro Pais; os Azeitonas; os Black Mamba; a Rita Redshoes; o JP Simões; os Linda Martini; os The Gift; os Capitão Fausto; o David Fonseca, o B Fachada e legião doutros... serem uma caganita irrelevante na história da arte nem é pecado, mas a auto-satisfação na mera pose de “artista” gets to me a bit... como se não fossem todos filhos da Mafalda Veiga, a filha-família de agrários alentejanos que vivia num apartamento merdoso em Oeiras para poder pagar a peso de ouro as músicas que sobravam aos Trovante, e como se achava uma estrela não cumprimentava os vizinhos, cospobre da Suzanne Vega cá na chafarica...

pássaros do sul... que como sabemos, são pássaros que não migram, que nunca vão a lado nenhum.

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