“The Age of Surveillance Capitalism – the fight for a human future at the new frontier of power” Shoshana Zuboff, 2019.

Isto não é um livro: é um monumento e um aviso (24 horas em áudio explicam o “monumento” o resto já vem)... esta moça não é nenhuma raivosa de esquerda, nenhuma perigosa esquerdista; muito pelo contrário... uma crente absoluta do capitalismo keinesiano (adora adora adora o Ford, sim o ur-nazi Henry Ford) que até ao fundo do cálice continua a ver o estado e o capital como entidades absolutamente separadas e nunca a primeira como mera expressão legitimada da violência do segundo. Cartilha clássica de “todos os totalitarismos são iguais” (Hannah Arendt na veia até ao fim, citação página sim página também); depois o neo-liberalismo não é bem capitalismo... já é “rogue capitalism”, não é a continuação natural mas uma perversão qualquer (parece os moços do PC a deslargar o Stalin e o capitalismo de estado se os moços do PC alguma vez o chegassem a fazer)... como cereja do bolo chega ao fim dum número absurdo de páginas e em cima do Facebook acaba a descrever pormenorizadamente a alienação... e depois queixa-se como se fosse um problema iventado ontem pelo Zuckerberg e o Bezos... como se o velho Karl nunca tivesse escrito uma linha...

Isto é um livro verdadeiramente extraordinário por mais do que uma razão: é obrigatório porque nos mostra como os cabrões d’agora e do futuro nos estão a fazer a cama (... e que cama!!!!) e mesmo assim passas metade do tempo a dizer “..a sério Shoshana?!... foda-se lá o caralho!”


 

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