“Um Jogo Bastante Perigoso” Adília Lopes, 1986.
Eu francamente não percebo como, nem muito menos porquê.
Eu cheiro-a até em versos perdidos em músicas;
eu fui contemporâneo da Sophia, do O’Neill e do Cesariny, do Eugénio de Andrade e do Herberto Hélder, do Torga e do Gedeão e da Mª Teresa Horta; amo-os agradecido a todos intensamente, não sei nem me interessa qual será o maior, lana caprina, sei que enganchei com todos, ainda mais com a Sophia e o Eugénio e o amoroso Gedeão, mas é só gigantes em cima de gigantes e o mais gigantesco provavelmente o Torga...
Mas de todos os contemporâneos, a mais nova é a mais distante: a Adília é da geração da tua mãe mas parece uma avó da Marta se as avós da Marta tivessem sido criadas numa cave que cheirasse a incenso de missa.
É a mais nova e a mais distante de mim, e é a com que engancho percebendo a cada linha que a realidade donde ela escreve, totalmente nua e crua desde este primeiro, não é menos distante da minha existência que a dum marciano de Júpiter.
A ansiedade católica e a claustrofobia eu conheço, o rame-rame das rosas bolorentas e das latinhas com enguiços de criadas despeitadas com restos de cabelo das patroas e alfinetes eu já ouvi dizer, mas não percebo como nem porquê isto funciona... e as beatas da magda, sujas de batôn, que lembram dentes cuspidos após uma briga.
A mulher + do que um génio e´... isto é demasiada conversa a tentar o impossível que é tentar escrever prosa sobre poesia.
Lê a Adília.
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