O meu amigo Nuno.

Eu não sei se já estás velha que chegue para esta... mas eventualmente vais estar.

Já ouviste com certeza o número do “não nos víamos desde os 15 anos e foi como se tivéssemos 15 outra vez...”. Tive a discutir esta com a tua sobrinha (na ausência da tua irmã) e achamos erro de análise (ela concordou porque estava farta de me ouvir pensar alto e tinha + q fazer).

Eu não acho que tenhas 15 outra vez, eu acho é que com alguns os conheces tão bem, até a um core tão fundo que se torna independente da casca que o tempo carcome.

Mais do que ter 15, 46 ou 68 o ponto é que há muitas coisas que mudam, e algumas poucas que não. As poucas que não mudam, são mais resguardadas, mas quando as conheces e gostas de alguém por conta delas o tempo perde o peso porque gostas de alguém por aquilo que não muda.

Este mamífero era um betinho repetente atleta do rugby, casou na igreja com o ramo deposto aos pés da virgem em Fátima, jornalista desportivo, depois televisivo; agora vai no segundo casamento e terceiro filho e alguém com quem eu não falava há, literalmente, mais de 20 anos.

Encontramo-nos (re-encontramo-nos) e a conversa não “continua exactamente onde ficou...” nem podia, temos 20 anos de aggiornamento antes... mas estranhamente o ritmo está lá imediatamente no primeiro telefonema, logo a seguir no almoço...

É muito esquisito, mas não é voltar aos 15, não é relembrar a letra duma canção antiga... é só abrir uma gaveta do armário da cabeça, uma gaveta que não tem nenhuma das aparências que usei para o descrever (o cabrão também qdo me viu disse logo “tás o teu pai!” a apontar-me para a cabeça e a pança) mas um recheio qq indefinível mas inegavelmente real...

ser-se humano é muito esquisito.


 

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