“Isso não se diz” Bruno Nogueira, 2023.
Ouço o primeiro e torço logo o nariz à falta de estrutura e ao choradinho anti-woke do “já não se pode dizer nada que somos cancelados e coiso”... quem Bruno? Quem é que foi cancelado no país onde o maior comediante é o Rocha a contar anedotas do Tibúrcio (velhas de esclerose) que até o meu avô haveria achar um bocadinho racistas e o segundo maior o Sinel de Cordes, um tipo profissionalmente ofensivo, alguém que só come da indignação que consegue gerar online?!! É que mesmo pela geografia mental de NYC (onde claramente a intelligentsia nacional agora vive) o Louie CK que me andava a mostrar a pila a qualquer miúda que lhe entrasse no camarim acabou de encher o Dolby em Los Angeles (3.300 lugares) e está nomeado para um Grammy... porra! o Cosby, que as violava às dezenas, está não só solto mas para lançar um livro e uma série documental de 5 episódios.
Portanto, quem é que está a ser "cancelado" e exactamente como??!
Mas vá.
Mais dois episódios e temos uma bonita diatribe sobre a necessidade de moderação por parte dos queer... pois porque os amigos burgueses que o Bruno aliado anda a tentar convencer da humanidade dos pandulos, escorregam logo de volta para a caverna quando os gays “lhes gritam na cara”... pois... aqui vamos por partes:
primo na escola andei eu com o Sérgio Vitorino e o Miguel Vale de Almeida e ainda estou para ver activismo gay neste país que parta uma xícara... vá os Panteras às vezes chocavam as redações mas em rigor eu sozinho fiz mais vandalismo que eles todos juntos secundo não sabia que o calendário para a libertação da opressão de milhares e milhares de pessoas nesta terra estava dependente das sensibilidades mui sensíveis deste amigo possivelmente não imaginário do Bruno (e digo assim porque estes amigos grunhos que os “aliados” usam para apelar à moderação cheiram-se-me sempre um bocadinho bocado bocadão a projecção no sentido psicológico do termo) mas óptimo, esperemos as posições sensivelmente grunhas do amigo do Bruno sobre racismo, alterações climáticas e estrutura de classe para saber como agir e tertio fico à espera de um UM exemplo histórico em que a contemporização com os grunhos de lado de lá (especialmente um suposto amigo do Bruno, que dificilmente será um pedreiro a salário mínimo que vai ao culto evangélico... um homofóbico burguês em 2023, é quase de musealizar) tenha servido de alguma coisa a quem está do lado de baixo da mó...
Eu francamente percebo, até me identifico, eu também tive dúvidas sobre a operacionalidade do activismo radical, do seu valor táctico e estratégico... mas resolvi-as aos 17 anos,
isto é imaturidade política e hubris.
Francamente Bruno, não estou zangado, só desiludido!
A falta que faz o João Quadros.
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