“Resistance” 5 episódios, 2019.

Continuo e vejo esta como em 2ª temporada da anterior... narrativamente quer-se como isso mas nem sempre.

Isto, historicamente é continuação (passamos directamente da Revolta da Páscoa para a campanha de não-terrorismo do Michael Collins) mas grande parte das personagens caem sem explicação, algumas são recicladas noutra gente e finalmente (e mais grave) algumas narrativamente substituídas: dos ricaços complicados só sobra o filho malandro agora reciclado em responsável banqueiro sem grande interesse (fora a utilidade de mostrar como a “República” sabia muito bem como apertar os tomatinhos aos ricos e gerar uma economia paralela), a mana Mary Sue desaparece sem um sopro e não se perde nada... choro mais o resto da tríade inicial: o pedaço de mau caminho da personagem da Sarah Greene e a verdadeiramente admirável durona da Ruth Bradley que desaparecem sem uma linha de expplicação.

Em cima disso sopram-se-nos, sem mais que um “pois morreram”, o mano Mahon do front (Barry Ward) e a admirável personagem que era a mulher dele: a Peggy (Lydia McGuinness) miserável católica da miséria católica, esposa dum soldado do rei, cunhada dum soldado da República, mãe dum rancho de filhos incluindo um mártir da Páscoa... a casa e a filha mais velha (que era meio leviana em 1916 mas agora é uma revolucionária rigorista) continuam, mas eles “pois morreram”... pior ainda, para não perdermos a triangulação entre bifes, o mano ao serviço do rei e o mano republicano simplesmente arranjamos outro mano (tudo bem que isto são católicos irlandeses, mas mesmo assim..) na figura do Paddy Mahon que é o tio da Royal Irish Constabulary (que é como dizer da GNR para não ser da PIDE para resistentes irlandeses), mas claro o tio Paddy é bom moço e personagem complexa (e ainda por cima com um óptimo ÓPTIMO actor no David Wilmot)...

estás a ver como a coisa está a salganhar um pedaço muito acima do que era preciso?!..

Em cima disto tudo a série esforça-se brutamente para fugir ao “Michael Collins” do Neil Jordan (um dos meus “loveable bad movies” dum realizador que fez um dos filmes da minha vida) recorta cenas para servirem verdadeiramente de background a cenas do “Michael Collins” de 1996: o Domingo Sangrento entre as execuções dos agentes do gangue do Cairo do Special Branch e a “resposta” em Croke Park...

Fora isto passa quase discreta a grande antonímia da série: a que se cria entre a discreta Ursula (a brilhante e lindíssima Simone Kirby) e o verdadeiramente maléfico (e extremamente verídico) general Winter (pelo enorme ENORME Paul Ritter)... o verdadeiro resgate da série que é claramente sacrificado à tentativa de sacar uma terceira temporada a descrever uma guerra civil entre republicanos radicais e free-statists, completamente a ferros... depois da queda da primeira para a segunda (e esta ainda é melhor que 80% do que passa na tv, mas mesmo assim) se calhar é melhor pararmos por aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=drJDh328cpk


 

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