“Pétain” Jean Marbœuf, 1993.

Por puro diletantismo escavo na Netflix para ver o que para lá anda e tropeço nesta preciosidade.

A França tem um bocado isto, comete os maiores crimes como todos os outros, remete-os o mais rapidamente ao esquecimento na medida do possível como todos os outros, mas faz uma coisa que eu só vejo recorrentemente com os italianos que é o “mete em acta!”... espeta uma placa na parede dizer uma aberração aqui cometida por nós e pronto... nós estamos a presentemente a discutir o caminho por cá (ok... mete um memorial na praça de s. domingos; mantém os buxos colonialistas e o Padrão para não falar no atleta de cimento do Cerejeira na outra banda; não me compliques a estátua do padre antónio vieira por favor)...

Os franceses lavam aqui a roupa suja toda do petainismo... não só as culpas relativas do marechal e do Laval e dos fascistas raivosos e da intelectualidade da Academia e da tropa do antigamente mui anti-semita e babosamente anti-social-democrata ao pormenor da tolice do ondazinha tipo-nacionalista-mas-ainda-mais-tipo-mas-o-velhinho-é-tão-querido e a influência do Botas (que me salta do nada a meio do filme que até me deu um torcicolo o cabrão!)...

O filme é assim nível “Rome” em termos de conseguir inserir uma narrativa chão (“raiz” diriam os manos brasileiros) com personagens do povo a representar a complexidade de viver em tempos de aceleração histórica com a criada de quarto muito amiga da mulher do marechal casada com o moço do maquis com um amigo do PCF e outro na Milice mais a amiga judia da banda.. a coisa é feita um bocado à pressão, afinal não têm as 20 horas do “Rome”, mas o princípio (de como fazer boa ficção histórica) é o mesmo.

Óptimo retrato da opera bufa que foi Vichy, da inenarrável sonsice do Pétain quando comparada com o fascismo ao menos assumido do Laval:

https://www.youtube.com/watch?v=c_8aUEPDax0


 

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