“Saint-Just ou la Force des Choses” Pierre Cardinal, 1975.

Horroroso, horroroso, horroroso… um filme (3 horas!!) que parece feito de propósito para me chatear. Historicamente mais ou menos colado à História mas nem isso se aproveita... uma realização medonha e errática, uma direcção de actores que faz toda a gente parecer que caga mármore enquanto discursa para o infinito, e o povão sempre muito feio, histérico e sempre errado, os figurinos mais janotas alguma vez vistos, toda a gente é guilhotinada de peruca e maquiagem e claramente passada a ferro, um protagonista com tanta base que muda de cor quando abre a camisa, o pior dos piores a falar para lá da fourth wall, e que o argumento quer à força absolver como único puro no meio da loucura colectiva (sabe-se lá porquê?!) enquanto carrega à vez o Robespierre, os ultras, os moderados, sem nunca saber muito bem como ou porquê, desde que o Saint-Just passe por entre as cascatas de sangue limpo como um anjinho barroco (só que em magrinho anos 70) com ar de manequim de alabastro (e mais ou menos com a mesma capacidade expressiva)... uma catástrofe pegada... ainda mais encabrante porque com o Pierre Vaneck temos o melhor Robespierre que eu alguma vez vi (e digo isto semanas depois dos justos elogios que teci ao Seweryn)... a absoluta medida certa entre mania e vaidade e falsa humildade e sincera crença e fanatismo e ansiedade derivada do impostor syndrome... uma enorme actuação completamente solitária num filme onde ninguém se atreve a actuar... um desperdício nesta catástrofe.

https://www.youtube.com/watch?v=VB9g9hNlZuw


 

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