TEORIAS E CORRENTES HISTORIOGRÁFICAS 2 - A História Estrutural.

Trabalho a desenvolver

Foi solicitado o seguinte trabalho ao ChatGPT - Elabore um ensaio sobre o estruturalismo e a História.

Neste e-fólio pede-se que cada estudante refaça - em apenas uma página de texto - o ensaio à luz dos instrumentos de aprendizagem que lhe foram fornecidos ao longo do semestre (a divisão interna em tópicos não é necessária).

 

TRABALHO / RESOLUÇÃO: A História Estrutural.

Mais uma vez o ChatGPT desafia a definição de inteligência se se quer chamar ao que faz inteligência artificial. No que se pretende “uma análise profunda” desfia palavrosa mas superficialmente e conclui chamando ao estruturalismo “uma ferramenta”, o que pelo menos tem a qualidade de ser surpreendente.

A necessidade duma abordagem estrutural surge em Lévi-Strauss antes de mais na senda do combate contra o falso evolucionismo etnocêntrico[i] de que as ciências sociais ainda se viam prenhes; um pecado etnocêntrico que Lévi-Strauss aponta tanto à lógica de diferença entre povos de história estacionária e povos de história cumulativa[ii] na História, como à biologização do nativo, com a falsa antinomia entre razões analítica e dialética[iii], em Sartre. Assim, desafia-nos à criação de modelos de análise que permitam a identificação desses sistemas complexos de referência consistentes em julgamentos de valor, esses sistemas que carregamos todos inconscientemente[iv], afirmando que qualquer observação morcelante ou morcelée[v], o máximo que consegue, é fazer da história da experiência humana um fato de Arlequim[vi].

A resistência por parte dos historiadores que Bourdé e Martin descrevem, tanto pelo esquematismo (que alienaria a liberdade do indíviduo e a imprevisibilidade do acontecimento) como por uma percepcionada subalternização da história à etnologia[vii] (e digo percepcionada porque Lévi-Strauss insiste na relação simétrica entre olhares sincrónico e diacrónico[viii]), não é no entanto partilhada por um claramente entusiasmado Braudel que a Lévi-Strauss chama excelente guia[ix], declara a sua história a soma de todas as história possíveis[x] e defende a possibilidade do presente e passado se iluminarem mutuamente[xi]. Assumindo um tempo demiurgo dos historiadores[xii], Braudel no entanto chama pecado à queda para o acontecimento[xiii], defende o tempo longo como o dos sábios e aponta-nos à busca duma história inconsciente, da semi-obscuridade para além dos flashes da superfície[xiv]. Tal como Burguière[xv], Braudel vê a história como particularmente equipada para a construção de modelos de análise que permitam identificar a estrutura, essa elusiva arquitectura total, transformadora e auto-reguladora[xvi], o que para ele passa necessariamente pela aposta na matematização, na redução ao espaço e na longa duração[xvii].

O caminho tem necessariamente de ser difícil, juncado de ambiguidades e incompreensões[xviii], mas a possibilidade de chegar à gramática do social é apaixonante, o social, nas palavras de Braudel, esse gibier rusé[xix]. 

Bibliografia

BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé – As Escolas Históricas. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1990 [1983].

BRAUDEL, Fernand – Histoire et Sciences Sociales – La Longue Durée. in Annales. Économies, Sociétés, Civilisations. 13º ano nº. 4. Paris: Armand Colin, de Outubro / Dezembro de 1958, pp. 725 – 753. [em linha]

https://www.persee.fr/doc/ahess_0395-2649_1958_num_13_4_2781

LÉVI-STRAUSS, Claude – Race et Histoire. Mayenne: Denoël, 1990 [1952].

LÉVI-STRAUSS, Claude – O Pensamento Selvagem. Campinas: Papirus, 1989 [1962].


[i] LÉVI-STRAUSS, C. – Race et Histoire, p. 28.

[ii] LÉVI-STRAUSS, C. cit. i, pp. 41 – 43.

[iii] LÉVI-STRAUSS, C. – O Pensamento Selvagem, pp. 273 – 276.

[iv] LÉVI-STRAUSS, C. cit. i, p. 44.

[v] LÉVI-STRAUSS, C. cit. i, p. 17.

[vi] LÉVI-STRAUSS, C. cit. i, p. 50.

[vii] BOURDÉ, G.; MARTIN, H. – As Escolas Históricas, pp. 177 – 179.

[viii] LÉVI-STRAUSS, C. cit. iii, p. 284.

[ix] BRAUDEL, F. – La Longue Durée, p. 744.

[x] BRAUDEL, F. cit. ix, p. 734.

[xi] BRAUDEL, F. cit. ix, p. 737.

[xii] BRAUDEL, F. cit. ix, p. 749.

[xiii] BRAUDEL, F. cit. ix, pp. 735 – 736.

[xiv] BRAUDEL, F. cit. ix, p. 740.

[xv] André Burguière cit. in BOURDÉ, G.; MARTIN, H. cit. vii, p. 183.

[xvi] BOURDÉ, G.; MARTIN, H. cit. vii, p. 185.

[xvii] BRAUDEL, F. cit. ix, p. 753.

[xviii] BOURDÉ, G.; MARTIN, H. cit. vii, p. 184.

[xix] BRAUDEL, F. cit. ix, p. 737.



 

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