“Alatriste” Agustín Díaz Yanes, 2006.

Ora esta tem montes de rebites: 1) isto provem dum monte de romances a ilustrar o fim del siglo de oro espanhol através das aventuras dum veterano (um bocadinho forrest gump no sentido que está sempre por perto do momento histórico) tudo concentrado num filme de 2 horas e meia 2) o guião, e aí não sei até que ponto se segue o bicho original do Arturo Pérez-Reverte, dá uns saltos meio doidos que obrigam a um conhecimento mínimo de história moderna espanhola para sequer ser expectável perceber o contexto (o que só quer dizer que o filme foi feito especificamente para espanhóis o que não é pecado em si) 3) figurinos e ambiance absolutamente apanhadas, o decadentismo (entre Velázquez e o de Quevedo tal e qual como pintado pelo Velázquez) é quase asfixiante e absolutamente certeiro... o filme tropeça na própria erudição sem saber para onde ir ou descobrir o que quer dizer (como é típico de longas séries de romances históricos de romancistas históricos apaixonados por um dado momento histórico sem terem previamente resolvido porquê) 4) o Viggo safa-se estranhamente bem (metade porque só tem de grunhir) (metade porque, descubro depois, cresceu a falar castelhano) 5) o Javier Cámara de Conde-Duque sem esforço histórico nenhum 6) a Blanca Portillo de Bocanegra (melhor casting do cinema espanhol de sempre!)...

O filme é bom, o filme é bem feito, o filme quer meter o Rossio na Betesga, o filme devia ter feito à americana e concentrar-se num primeiro episódio e depois logo se via, o filme não é mal escrito, historicamente é muito muito acima da média (trabalha normalmente nas sombras, no que não sabemos, o que é sempre brilhante), tudo o resto de cenários figurinos actuações absurdamente bom... o único problema é querer contar 16 histórias da vida espanhola mais aventurosa do séc. XVII duma só vez... se tivéssemos tentado fazer menos tinha-nos corrido melhor, mesmo assim nada mau:

https://www.youtube.com/watch?v=sq14TN1RNdw


 

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