“Alentejo, Alentejo” Sérgio Tréfaut, 2014.

Acabei de o aconselhar (entre outros 6) à tia Isabel por conta duma retrospectiva qualquer lá no Rio e vem-me a tua mana a dizer que o tem de ver não sei porquê. Vi este filme há muitos anos e continua a ser um prazer vê-lo e sei que é malandrice por melhor que seja o Tréfaut (e é-lo, mesmo com a tua irmã a reconhecer todos os nomes da equipa e a dizer “assim também eu” e ambos a sabermos que em documentário é algures entre ter olho e passar lá tempo que chegue até que o plano “se revele”)... seja como for, a malandrice é a impossibilidade de transmitir o que é estar lá: quando 10 ou 20 ou 30 homens muito sérios começam a cantar em coro numa tasca apertada ou por uma rua nocturna ainda mais apertada... a polifonia e o contexto sócio-histórico-demográfico é tudo giro e coiso... mas a coisa funciona num contexto que é antes de mais cénico (tu percebes isto melhor que a maioria dos antropólogos) a contiguidade da taberna forrada a celhas monstruosas ou a duma rua estreita e caiada muito muito a meio da noite com aqueles machos todos a chorar alto reverbera duma maneira que quem viu sabe e quem não.. não sei. Não sei se o devia ter aconselhado à Isabéu por mais que para mim seja evidente:

https://www.youtube.com/watch?v=q2SRz0owfM4

ps. o som no FILMIN está uma merda que bem podem limpar as mãos às paredes!


 

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