“The Man in the High Castle” Philip K. Dick, 1962.

Eu gostei tanto da série que eventualmente tinha de ir ver a fonte da coisa. Belo barrete!

Excessivamente palavroso como são sempre estes clássicos da ficção-científica ianque (é de terem aprendido a escrever para revistas que pagavam à palavra) não há uma única personagem que não seja fundamentalmente só desprezível (o que é sempre uma coisa que me repele)... não há escritor, cientista, artista, filósofo, director de fotografia ou stor de liceu que (a um nível qualquer) não se ache superior À PUTA DA HUMANIDADE TODA DESDE O INÍCIO DA HISTÓRIA, isto é sempre verdade (tu e eu incluídos) porque senão não nos atrevíamos a criar. Isto é uma coisa, moralmente repreensível que seja mas a criação é amoral, depois tens quem crie ensopado em amor pelos humanos (a Paula Rego, o Agostinho da Silva...), quem crie carregado de ódio pelos humanos (o Lobo Antunes, o George Carlin)... e até aí tudo bem, eu enquanto humano passo os dias a oscilar entre o amor assolapado e o ódio genocida comigo mesmo. O que eu nunca consigo compreender é o desprezo tipo carpet bombing com a humanidade toda duma vez... não odiar os humanos, mas desprezá-los. Tipo a Agustina ou aqui este caramelo, eu compreendo odiar a humanidade toda cada vez que leio as notícias ou vejo alguém a descascar uma laranja num autocarro, isso é uma coisa, desprezar a espécie toda é um tipo de hubris para a qual ainda bem que não fui feito.

Este Philip K. é horroroso e consequentemente todas as suas personagens o são também... o caso mais grave é a Juliana (que na série era bonita e complexa e interessante) e que originalmente é burra de doer, venal, manipuladora, vaidosa, melodramática, perigosa à psicopatia por absolutamente egoísta, ou seja, um retrato de todas as mulheres segundo os incels red pill, avant la lettre... isto é uma catástrofe, nem sempre chato, mas o bebé que os moços da série conseguiram salvar deste banho é um tremendo milagre!!  


 

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