“Cool Zone Media Book Club” Margaret Killjoy, desde 2023.
Book club!! Book club!! Book club!! Book club!!!!
Ando a ouvir o Cool People Who Did Cool Stuff da Magpie, que é básica e assumidamente um anti-Behind the Bastards de fabrico próprio (tudo CZM e com a omnipresente Sophie)... a Margaret conheço-a eu desses carnavais e do “It could happen here” também, para além de sólida radical imensamente engraçada duma maneira muito solipsística, é óptima contista... ali algures entre o folclore, terror e ficção-científica, muito muito boa.
E depois aos domingos começa-se-me a ler contos num espécime de book club... às vezes dela como a recorrente série da “Dino War” que eu começo a ouvir na palhaçada mas entre humor faceto e propagada assumidamente mal disfarçada o world-building e o brilhantismo começa a entrar...
“Nazis don’t go to Valhalla” absolutamente espantoso, este é aquele que eu ouço e digo.. ok agora ouço todos, isto é duma subtileza... sempre que esperas a marreta levas com o pincel de pelo de raposa que se concentra num pormenor, tão bem pintadinho que percebes o enorme quadro todo.
“Confession to a Dead Man” divertidíssima Margaret, a martelar-nos mesmo a contra-pelo o NÃO SE FALA COM A BÓFIA!
“The Fortunate Death of Jonathan Sandelson” o que os franceses chamam anticipation mais do que sci-fi óptimo ponto de partida para discutir a ética do uso da violência.
“Babang Luksa” Nicasio Andres Reed – muito muito forte, muito estilo à Margaret, o plano começa fechadíssimo num tipo que chega à Philadelphia que já não é a da sua infância e à medida que a câmara afasta temos direito a um mundo todo.
“The Lost Roads” Sim Kern – ENORME ENORME! francamente o que nos anda a faltar há umas décadas: uma visão positiva para um futuro definido para além do que não queremos... em trancos e barrancos para fazer a tua irmãzinha ouvir isto.
“The Plastic People” Tobias Buckell – o retrato distópico da utopia que os techno-bros do silício nos querem impor, pior do que seria de esperar.
“Printed Guns and Sold Schematics” S.J. Klepacki – escorrentíssimo retrato dum pós-apocalipse que só serve de recurso para falar das nossas matizes, mto mto bom.
“The House of Surrender” Laurie Penny – começo de resposta a uma pergunta que nós anarquistas detestamos: e os criminosos, criminosos mesmo, de crime contra pessoas e não propriedade, o que é que lhes fazemos?
“Handala, the olive, the storm and the sea” Sonia Sulaiman – retrato da pura rebeldia humana aos ditames dos deuses, Handala o descalço não deve nada aos poderes.
“The Flair” Nick Mamatas – mais um micro-olhar sobre uma realidade possível que é medonha, mas não esvaziada de possibilidade.
“The Yellow Wallpaper” Charlotte Perkins Gilman – das coisas mais asfixiantes alguma vez escritas, mto mto antes do Kafka. O Poe e o Lovecraft tinham-na no altar, um dos editores recusou isto com um “quem o ler, enlouquece!”... tinham todos razão.
“Na RVer’s Guide to the American West” Carrot Quinn – versão descomplicada e logo mto real dum pós-apocalipse, quase pedagógica na sua essencial dureza, escrita mto escorreita e bonita, ensina umas coisas sobre sobreviver no mato pelo meio.
“Tongue Mining” Jack Morton – óptima exploração de como o capitalismo nos esfarela as melhores ideias possíveis: tradução universal uma ideia brilhante e o perigo que vem do actual sistema.
“The Vampyre” John Polidori – “uma bichinha complicada” diria a Calcanhotto, o conto fundador do vampiro sedutor e aristocrático, profundamente profético quanto à destruição da vida do autor, mas mesmo assim uma longa e mto palavrosa queixa de namorado maltratado do lord Byron, um conhecido monstro sexual em todas as acepções da palavra.
“The Last Beat of my Heart” Edward Morris – magia num mundo mto pouco mágico que ainda por cima musicalmente é exactamente da minha geração.
“Transmutation” Katherine Sparrow – violentíssima, mto realista história tecnicamente sobre magia a sério e a brincar e do que estamos a falar é seríssimo e a brincar do que estamos a falar é seríssimo seríssimo, uma absurda habilidade para lidar com toneladas como se fossem almofadas... estranhamente a melhor de todas da lista até agora.
“Nine Billion Names of God” Arthur C. Clarke – mto engraçada, mto sci-fi clássica, só ideia.. mas aprendo sobre a Ada Lovelace’s objection.
“Folclore ruteno” – rutenos (+ou- os cossacos) três histórias, típicos contos de fadas europeus, cheios de significados nebulosos para além das morais óbvias.
“Yermak conquistador da Sibéria” Leo Tolstoy – um conto infantil q parece um filme de terror e que se tornou um clássico da literatura anarquista porque explica tão bem como funciona o colonialismo e quão fina é a distinção entre banditismo e violência legitimada.
“The Stolen Bacillus” HG Wells – um momento de propaganda anti-anarquista e ligeiramente racista dum Wells jovem, antes de virar anarquista, mto representativo do primeiro red scare, o “anarquista” do Wells é um completo incel.
“The Happy Prince” Oscar Wilde - maravilhoso conto do maravilhoso Wilde, houve um aniversário da Madalena que foi no Teatro Bocage com uma encenação disto.
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