“Napoléon” Abel Gance, 1927.
Por conta da inevitável aberração do Napoleão do Ridley Scott tenho os meus moços do cinema todos a carpir este do Gance (porque claramente lá levaram com ele na escola de cinema) e eventualmente lá ver... e sejamos francos, isto é uma monstruosidade.
Para começar são 5 horas e meia de cinema mudo hagiográfico sobre especificamente 17 anos (entre Brienne e a entrada em Itália) da vida de um homem que viveu 52 (o que nos atira o biopic todo possível para qq coisa como 16 horas e meia!!)...
E mesmo assim isto é concerteza o primeiro melhor filme de sempre!! Qual Griffith qual caroço, o magnífico ego do Gance permite-lhe tudo, não só elencar-se como Saint-Just (o belo arcanjo do Terror) como experimentar tudo, narrativa e sobreposição de exposição e coloração da película, divisão de planos a três e sabe deus quantas mais truques de edição, montagem e fotografia, o gajo atira tudo ao muro e logo se vê o que cola... os estudantes de cinema logo verão.
Nunca filma nada para deitar fora e por isso é que o filme é insuportável, há cenas de 20 minutos que nem 2 davam depois de editadas, há momentos hagiográficos do guião que qq produtor minimamente antenado no séc. XX diria “ooh Abel tem paciência!” (a Violine a rezar ao general, os fantasmas na Assembleia), mas ao mesmo tempo tens a batalha de neve em Brienne e as sobreposições entre o Dieudonné e a águia... este filme parece um velho livro sagrado duma grande religião: é demasiado longo e às vezes muito chato, cheio de beleza e crimes medonhos, mas tem lá tudo e permite aos vindouros um pick and choose conforme o apetite do momento...
francamente, só visto:
https://www.youtube.com/watch?v=6504eRh5h6M
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