“The Honourable Schoolboy” John Le Carré, 1977 (lido pelo Michael Jayston).

Continuo na minha febre Karla.

Salto do Frank Muller para o grande Jayston, mas o Smiley continua a ser o Guinness, o Gary Oldman que nos perdoe a todos, mas se a Connie Sachs é definitivamente a Kathy Burke, o Control o Hurt, o Haydon o Firth, até o Prideux o Mark Strong ou o Guillam o Cumberbatch (por menos parecidos que sejam com os dos livros) mas o Smiley verte necessariamente para Sir Alec, sem recurso nenhum.

O Le Carré continua um enorme tecelão que não dá descanso ao mais distante dos figurantes do fundo de cena (como só se pode fazer nos livros) e todas as 20 páginas cose uma pérola como o Smiley “politely but thouroughly drunk” ou (numa quase queda de Phnom Penh) os mercedes que ziguezagueiam a cidade como se lhes tivesse entrado alguma coisa no ninho ou os “painfully worked oil paintings of nude thai girls, drawned with the sort of erotic inaccuracy that usually comes with too little access to the subject”... em cima da muito pouca misoginia reinante (mesmo excluindo o amor assolapado pela artrítica Connie Sachs) num gajo da geração e extração dele (um príncipe comparado com um Fleming, mesmo um Hemingway) ao mesmo tempo que absolutamente capaz de mostrar o pim pam pum mental do bom violador de menores colonial como se não fosse nada (porque não era) e mesmo assim muito menos subtil do que se acha.. mas um prazer de se ouvir, e no fim completamente consciente do paradoxo da proposta de se ser completamente amoral para defender a moral, e esperar não haver um preço a pagar.

Resumindo a gentleman (no pior sentido da palavra) and a scholar (no melhor).


 

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