Eduardo Gageiro 1935 – 2025 Requiescat In Pace.

O melhor e mais central, mais certeiro fotógrafo português desde o primeiro, o Benoliel. Apagar-se em menos de 15 depois do Salgado parece desafio ao meu medíocre conhecimento sobre fotografia.

O Gageiro sempre me soou ao clássico português inseguro da cantilena “tivesse eu nascido num sítio a sério...”, mas a verdade é que em quase 50 anos de ouvir a cantilena de todo e qualquer bicho-careto que acabou de arranhar um cartão e o declarou uma “grande metáfora”, foi o único que vi mesmo MESMO em cima do muro entre ser tão grande que não se preocupa com a miudeza do reconhecimento em vida e a pequenez de seja qual for o reconhecimento no fundo nunca chegar (um génio como o Variações nunca esteve senão antes, um génio como o Herman José nunca há de conseguir curar a ferida)...

Em rigor o Gageiro tinha razão, mas a queixa mesmo assim era injusta, nós cá todos lhe percebemos o génio, os livros das crianças estão cheios de fotografias dele, não ir directo para o Panteão é só analfabetismo caseiro, em França era directo... mas teria-lhe uma estátua em vida curado a ferida? Às vezes desconfio que não é o contexto.   


 

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