O meu tio António João 1940 – 2025 Requiescat In Pace.

O meu tio António João morreu.

Eu o meu tio António João (imediata inversão do meu pai João António porque os meus avós eram poços de imaginação, depois destes, do outro lado temos a minha mãe Maria Helena e a minha madrinha, prima direita, Helena Maria e finalmente o irmão desta última Rui, baptizado assim por conta dum bebé, entre a minha mãe e o meu tio Carlos, que morreu aos meus avós). Nunca cheguei realmente a conhecê-lo, de todos os meus parentes a dois passos, provavelmente foi o que conheci menos, mas mesmo assim foi sempre estranhamente próximo (há vários tios e tias teus, algumas que tecnicamente nem tias da tua irmã são, com quem passei mais tempo e conheço infinitamente melhor).

Irmão um bocado sério mais velho do meu pai, partilhava o humor baixinho mas cortante da mãe, do irmão meu pai e, francamente acho eu, meu mais do que da minha irmã (que é mais explosiva tanto na alegria como na fúria). Tipo tão calmo e sereno como o meu pai ou o pai deles (qualidade que infelizmente não herdei, sendo muito mais o tipo mercuriano do outro lado) mas com a tortice que abunda geração após geração família abaixo (a tua sobrinha em 8 bisavós é capaz, pelas minhas contas, de apresentar 2 com bom feitio: a Laura da Teresa e o Marcelino do Rui, e nenhum deles é do meu lado).

Completamente desinvestido da possibilidade da inveja ou ressentimento em relação à vida diferente que teve o meu pai, nunca o vi morder os 101 anzóis que lhe vi serem atirados à boca para semear discórdia; óptima e maravilhosa prática que a minha irmã e eu nos esforçamos por empurrar à próxima ggeração.

Finalmente, e ao contrário do meu pai, da minha mãe, da minha irmã ou do meu cunhado, completamente a antítese do menino da mamã. Tal como a tua irmã, os meus padrinho e madrinha e eu mesmo, era o filho menos bom, o ronhoso que cagava nas espectativas paternais (ou no caso, maternais) e fazia o próprio caminho como fazem sempre metade dos filhos (ou mais), temos sempre um excesso de Cains em relação ao excesso de Abéis e ainda bem.

Foi uma pena não o ter conhecido melhor, pior que nem sequer lhe foi preciso o falecimento para eu o saber, mas nunca se chega a tudo o que é preciso fazer.


 

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