Discografia DXCVI Symphonie Confinée (c/ o Valentin Vander) mas mais francamente simplesmente a busca da versão certa de “La Tendresse”.

“A Ternura” é uma música do Bourvil dos anos 60 que em França toda a gente já cantou, uma música perfeita que na minha cabeça andou anos e anos há procura do intérprete justo, como às vezes andas às voltas à procura da palavra certa... a primeira vez que a ouvi foi numa manifestação e portanto à partida sabia que a coisa era mais política do que parecia à superfície. Ouvi sucessivamente as versões da Laforêt, do Mouloudji, do Vermeer, a reggae dos Kana, a bossa do Trio Esperança, a neo-medievalista do Luc Arbogast, a yiddish dos Les Yeux Noirs, a jazz de salão de hotel da Zaz e Jenifer e mais umas 15 ou 16... francamente achei que com a dos Debout Sur Le Zinc estávamos mesmo lá mas só depois é que percebi que faltava a qualidade coral, o cabrão do colectivo a cantar uma coisa que, também sendo sobre abraçar um menino pequenino, é (cá para mim) antes de mais sobre nos abraçarmos todos uns aos outros.. pode ser feitio, mas para mim, esta canção é profundamente política, antes de mais porque toda a gente sabe cantar em França, e há uma razão para isso.

Versão cá de casa – a do Valentin Vander e amigos (a Symphonie Confinée) fechados pela Covid:

https://www.youtube.com/watch?v=rEjvRktXeis

 

La Tendresse

 

On peut vivre sans richesse

Presque sans le sou

Des seigneurs et des princeses

Y'en a plus beaucoup

 

Mais vivre sans tendresse

On ne le pourrait pas

Non, non, non, non

On ne le pourrait pas

 

On peut vivre sans la gloire

Qui ne prouve rien

Etre inconnu dans l'histoire

Et s'en trouver bien

 

Mais vivre sans tendresse

Il n'en est pas question

Non, non, non, non

Il n'en est pas question

 

Quelle douce faiblesse

Quel joli sentiment

Ce besoin de tendresse

Qui nous vient en naissant

Vraiment, vraiment, vraiment

 

Le travail est necessaire

Mais s'il faut rester

Des semaines sans rien faire

Eh bien... on s'y fait

 

Mais vivre sans tendresse

Le temps vous paraît long

Long, long, long, long

Le temps vous parait long

 

Dans le feu de la jeunesse

Naissent les plaisirs

Et l'amour fait des prouesses

Pour nous éblouir

 

Oui mais sans la tendresse

L'amour ne serait rien

Non, non, non, non

L'amour ne serait rien

 

Quand la vie impitoyable

Vous tombe dessus

On n'est plus qu'un pauvre diable

Broyé et déçu

 

Alors sans la tendresse

D'un coeur qui nous soutient

Non, non, non, non

On n'irait pas plus loin

 

Un enfant vous embrasse

Parce qu'on le rend heureux

Tous nos chagrins s'effacent

On a les larmes aux yeux

Mon Dieu, mon Dieu, mon Dieu...

 

Dans votre immense sagesse

Immense ferveur

Faites donc pleuvoir sans cesse

Au fond de nos coeurs

 

Des torrents de tendresse

Pour que règne l'amour

Règne l'amour

Jusqu'à la fin des jours

 

Règne l'amour

Jusqu'à la fin des jours

 

 

A Ternura

 

Pode-se viver sem riqueza

Quase sem um tusto

De senhores e princesas

Já sobram poucos

 

Mas viver sem ternura

Isso não conseguíamos

Não, não, não, não

Isso não conseguíamos

 

Vive-se sem a glória

Que não prova nada

Ser-se desconhecido na História

E viver-se bem com isso

 

Mas viver sem ternura

Isso não pode ser

Não, não, não, não

Isso não pode ser.

 

Que doce fraqueza

Que bonito sentimento

Essa necessidade de ternura

Que nasce connosco

A sério, mesmo, verdadeiramente.

 

O trabalho é necessário

Mas é preciso descansar

Semanas sem nada se fazer

E tudo bem, faz-se.

 

Mas viver sem ternura

O tempo faz-se longo

Longo, longo, longo, longo

O tempo faz-se longo.

 

No fogo da juventude

Nascem os prazeres

O amor faz proezas

Que nos espantam

 

Sim, mas sem a ternura

O amor não seria nada

Não, não, não, não

O amor não era nada

 

Quando a vida impiedosa

Te cai em cima

Não és mais que um pobre diabo

Esmagado e desiludido

 

E aí sem a ternura

Dum coração que te sustenta

Não, não, não, não

Não vais a lado nenhum

 

Uma criança que te beija

Porque o fizeste feliz

Todos os desgostos se desfazem

Com lágrimas nos olhos

Meu deus, meu deus, meu deus...

 

Na tua imensa sabedoria

No teu imenso fervor

Faz chover sem parar

No fundo dos nossos corações

 

Torrentes de ternura

Para que reine o amor

Reine o amor

Até ao fim dos dias

 

Reine o amor

Até ao fim dos dias.


 

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