Kate Tempest e Luís Severo.
Mandaste-me estes há uns tempos e tenho a vaga lembrança que
um era teu e outro do Bernas, mas não me lembro qual de qual por isso isto não
podia sair mais imparcial...
A mocinha é poeticamente forte, a letra é elaborada e
pujante (isto é o punk da vossa geração, a música com alguma coisa para dizer)
mas musicalmente zero menos zero... este formato coiso tipo rap que os brancos
europeus ainda estão a apropriar já cansa: se queres escrever escreve! não tens
necessariamente de pôr a coisa em cima dum beat e declarares-te cantora, porque
cantar não é dizer coisas em cima de música e mesmo que fosse precisavas de
música, e um beat não é música, é só ritmo que tecnicamente é um terço da
coisa... but anyway, até gostei da mocinha, por mais que não seja, como dizem
lá na terra dela, my cup of tea.
Agora este jeitoso do Luís Severo.... musicalmente é melhor
que a Kate (só podia, porque também tem melodia e harmonia), poeticamente não é
tão sério mas safa-se decentemente, não envergonha ninguém... mas há nisto tudo
uma dose de quirkiness a la Wes Anderson que me dá imediatamente a volta
ao bucho, não há nada mais pretensioso que este descuido profundamente
trabalhado e poucas coisas para as quais eu tenha menos paciência...
Eu tenho um problema sério com esta
cena da quirkiness antes mais por que é muito mais de plástico do que plástica,
no sentido que é pouco profunda e muito menos original do que parece a cada
hipster que exige uma tatuagem totalmente única na tatuadora com melhores
críticas no yelp.com. Cheguei a pensar a coisa como um vício específico da tua
geração https://blogparaaines.blogspot.com/2018/05/wes-anderson-ou-uma-pequena-diatribe.html
mas ao ver o Luís Severo até me engasguei... este tipo é cuspido e escarrado o
meu amigo Ricardo da faculdade, todo o esforço para ser “diferente” só o
enquadra (como enquadrava o Ricardo) na enorme legião de malta “extremamente
original”...
estes dois só me fazem ouvir música
medieval tocada por músicos que vêm do heavy-metal:
esta tem pelo menos 500 anos.
Foram ambos o Bernardo. Eu apenas dei a opinião mais resumida que tinha dos dois x)
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