“Pi100pé” Fernando Rocha, desde 2017.
Ora ora ora... o Fernando Rocha, o tio Fernando é um portento e merece uma estátua em Rio Tinto e o Panteão logo que feche os olhos, e digo isto sem uma pontinha de ironia que seja.
Sendo um apreciador de uma anedota como todos os outros, já não o sou do contador compulsivo e muito menos consumidor de espectáculos de contar anedotas. As caralhadas específicas do estilo do Rocha não me aquecem nem me arrefecem e reconhecendo-lhe o talento de contador de anedotas, a verdade é que o modelo é limitado e absolutamente previsível (até porque grande parte do reportório tem literalmente milénios).
Posto isto, foi às costas do Rocha que tivemos o “Levanta-te e Ri” que literalmente inventou o stand-up em Portugal e trinta anos depois o tio Fernando não sossega e mantem o bicho na estrada... isto é um anedoteiro (que não mexendo um avo no próprio número) insiste e insiste e insiste em inventar espaço para o stand-up, ainda mais agora já perfeitamente consciente que nunca vai ter o chapeau da intelligentsia nacional (que o atiram ao chão ao Ricardo Araújo Pereira ou ao Bruno Nogueira, ambos verdinhos que apareceram a tremer, a torcer as mãos e a morder o lábio, no Levanta-te e Ri) e mesmo assim pur si muove. O homem é um paradoxo sobre pernas e isso é a coisa mais portuguesa que eu já vi na vida.
Agora isto não é sem engulhos, não só arrasta consigo cancros da comédia nacional como o Xará, o Jaimão ou o medonho, horroroso, desprezível 7 Estacas; como na realidade contaminou gajos melhores como o Francisco Menezes ou o Seabra de Braga (que claramente resolveram que a grunhisse chega e para quem é bacalhau basta... fuck me, o Seabra está a um passo da prop-comedy)...
Mas continua a dar espaço a gajos bons e que continuam a melhorar como o Aldo Lima (que encrusta no beto rural conservadorão que nunca deixou de ser mas continua a ser o melhor de todos), o Carlos Moura, o Jel, o Batáguas, o Serafim, o Hugo Sousa (que devagarinho devagarinho, qual glaciar a mover-me milimetricamente, melhora ligeiramente cada vez que o volto a ver), ou o caso específico do Paulo Almeida (que tem graça, mas cuja graça vem dum sítio feio e mau e triste... o que me faz rir, mas deprime ao mesmo tempo, e acima de tudo incomoda).
Mas bem mais importante do que tudo isto é que ele dá palco a gajos novos que se estão a fazer, e que com todos os escolhos da inexperiência é preciso registar e listar e nomear para memória futura:
em cima Ricardo Leite, Gabriel Mendes, Paulo Baldaia, Pedro Mata (este tem graça mas não tem ritmo, tem de se dedicar à escrita que o palco não é para ele), Joana Santos, Rui Cruz (este faz-se mas merecia um petardão de força nos tomates por roubar o Bill Hicks sem vergonha nenhuma) e o João Rua.
em baixo o Guilherme Correia, o Joel Ricardo Santos (este está pronto), o Vasco Correia, o Rui Mirama, o Rúben Branco, o João Pinto e o Carlos Vidal...
https://www.youtube.com/user/rooooooocha
isto é um enorme trabalho,
e é por isso é que o tio Fernando merece uma estátua em Rio Tinto e o Panteão,
já fez mais pela comédia nacional do que as Produções Fictícias.
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