Notas Feitas.

“Ministros da Noite – Livro Negro da Expansão Portuguesa” Ana Barradas, 1995: esta mui discreta obra-prima é uma recolha de testemunhos coevos sobre as maravilhas dos “descobrimentos” nacionais. Tivesse eu mais tomates ou uma relação menos utilitária do “meu curso” de História e tinha ensopado os meus trabalhos ainda mais nisto. A editora da tua mana (como o Chico foi o meu) a servir de vacina para “ahhh pois mas na altura era normal” mostrando em centenas de páginas como já na altura havia gente decente a torcer o nariz ao “normal”. Devia ser obrigatório no liceu, quanto mais em História dos Descobrimentos e Expansão Portuguesa.

 

“O Povo do Abismo” Jack London, 1903: jornalismo objectivo porque começa por nos dizer donde vem e ao que vem (em vez de se fingir fly on the wall como a Fox ou o Observador)... com o Orwell em Paris e Londres e Wigan Pier, tudo o que precisas de saber sobre onde vives, e a melhor citação de sempre sobre violência doméstica dos pobres. deus nos acuda.

 

O tio Engels (sal fino!) “Anti-Dühring” 1878 e “A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado” 1884: o primeiro é uma obra-prima sobre liberdade e propriedade, direito romano e rentismo (o meu pai e eu a encavalitarmo-nos nos sublinhados); o segundo é uma discussão extremamente técnica (e grande parte das vezes zarolha) com um Lewis H: Morgan que a Jill Dias (não mo tendo obrigado a ler) pelo menos mo explicou o suficiente para saber que as notas do Marx são mais certeiras sobre formação da propriedade do que sobre o que é uma gens (o meu pai gostou mais deste do que eu).

 

“O Estado e a Revolução” camarada Vladimir Ilyich Lenine, 1917: centralismo democrático e violência e leninismo mesmo a dar-lhe, desmonte da possibilidade do capitalismo de estado, violência e violência e mais violência, Lenine um Robespierre ainda menos menino, mesmo assim nada quando comparado com a práxis do Stalin ou do actual PCC.

 

“Citações do Presidente” Mao Tsé-Tung, 1964: o livro do “Charman Mao”, o pequeno livro vermelho, le petit livre rouge... o livro que fez uma geração e meia de esquerdistas no mundo todo. Sendo curto é espesso à Nietzsche e fundo como a Bíblia, diz tudo e o seu contrário: temos de abolir o estado reforçando o estado, que cem flores desabrochem e rivalizem (mas depois o centralismo democrático logo diz), ouvir o povo mas a vanguarda lidera o povo, a crítica interna fortalece mas depois logo vemos qdo chega... qualquer coisa entre a poesia e a Constituição de 1933 que diz que a liberdade de expressão é uma garantia (a regulamentar posteriormente).


 

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