Notas feitas.

“The False Principles of Our Education” “The Ego and his Own” Max Stirner, 1842 / 1844: o Stirner é o primeiro, tens anarquismo enquanto pulsão natural por liberdade e igualdade, tens anarquismo primitivo medieval e moderno e proto e socialismo utópico, tens uma tendência libertária desde que tens humanos (tal como tens de ter a outra); mas o primeiro a começar a pensar organizadamente sobre a coisa é o nosso camarada Johann Kaspar Schmidt (Max Stirner é nom de plume), que passa a vida em discussões sobre o que é que está mal (o boneco é do Engels, durante uma reunião de pós-hegelianos)... faz o mesmo processo que o velho barbudo mas a vir da Filosofia em vez da Economia e acaba num anarquismo egoísta, quase nihilista, mas que identifica o estado como o problema e não como algo reaproveitável como o Marx.

 

“Qu'est-ce que la propriété? Recherche sur le principe du droit et du gouvernement” “Système des contradictions économiques ou Philosophie de la misère” “Confessions d'un révolutionnaire, pour servir à l'histoire de la révolution de Février” “Idée générale de la Révolution au XIXe siècle” “De la justice dans la Révolution et dans l'Église” “De la capacité politique des classes ouvrières” Pierre-Joseph Proudhon, 1840 / 1846 / 1849 / 1851 / 1858 / 1865: o tio Pedro-José é daqueles clássicos que toda a gente gosta de citar (exactamente duas citações) e ninguém lê... e é uma pena, porque como de costume com os clássicos há uma razão para se terem tornado clássicos! Para mais este escreve muito bem; um bocadinho etéreo para o meu gosto, mas tudo bem.

 

“Confession” “On Cooperation” “La Commune de Paris et la notion de l'État” Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, 1851 / 1869 / 1899: o tio Bakunin tem uma péssima fama fundamentalmente injusta, por mais caricaturado como um Marx mas em raivoso e bombista, a minha noção de revolução vem fundamentalmente dele e a minha aversão à “vanguarda” por mais que tenha vindo do facto de lhes conhecer os candidatos, foi com ele consolidada e teoricamente justificada. A verdade é que o Bakunin é um pensador cheio de perguntas que o velho barbudo nunca responde.

 

“De l’organisation des services publics dans la société future” César de Paepe, 1874: tio César, um médico flamengo todo metido no reviralho, grandes GRANDES observações sobre a relação entre o expresso medo burguês do caos social (equiparado à nossa anarquia!) e o seu total apoio à desregulamentação que gera o real caos social em que vivemos. O claro prazer que ele deriva de épater les bourgeois francamente é mais problemático, por mui compreensível que o sinta.

 

“The Question of Public Services before the International” Adhémar Schwitzguébel, 1908: o gravador de relógios suíço em resposta ao de Paepe, mais um que morreu de fome mas trouxe uma achegazinha ao nosso drama entre estado e ordem, é assim que funcionamos aqui, cada um avança um grãozinho de areia e sabemos que é assim que as putas das montanhas se movem.

 

“L'Internationale: Documents et Souvenirs” “Ideas on Social Organization” James Guillaume, 1864 / 1876: outro magnifico empurrador de grãos de areia, stor londrino filho de relojoeiros suíços e militante do Jura. Tenho com ele sérias questões sobre a possibilidade de democracia (literalmente) infantil (mas provavelmente o erro é meu), melhor definição da passagem do estoicismo à uma moralidade consciente e colectiva, fora a melhor definição de revolução de sempre (o dique.).

 

“Paroles d’un révolté” “Autour d’une vie” “La Grande Révolution” “Ethics - Origin and Development” Piotr Kropotkin, 1885 / 1902 / 1909 / 1922: eu do camarada Peter já cantei as loas, mas o outro velho barbudo continua a dar e dar... a ideia de trabalho constante, práxis como essência mais do que tacticismo, o trabalho longo, o fundamental erro do autoritarismo, a impossibilidade do intermediário, a impossibilidade do anarquista não comunista, a naturalidade da união, o oxímoro que é um “governo revolucionário” (o melro branco), o cansaço revolucionário, a diferença entre surfar e dirigir uma revolução, o NEM DEUS NEM SENHOR, o “o bem que um governo traz é negligenciável face ao imensurável mal que provoca”, o paradoxo da social-democracia e do leninismo... tudo o que viemos a ver está já neste profeta com ar de profeta, um príncipe se nós anarquistas os tivéssemos.


 

Comentários